sexta-feira, 5 de agosto de 2016



lançamento
DIVULGAÇÃO/JC

Se for para chorar que seja de alegria (Global, 182 páginas), de Loyola Brandão, apresenta crônicas sobre bares, ruas de São Paulo, seus mistérios e lições. Com seus encontros, desencontros, sempre contemplados com sensibilidade, humor e inteligência por Loyola, que há dias recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

Dicionário de gastronomia (Matrix Editora, 552 páginas, R$ 99,90), da tecnóloga em gastronomia Myrna Corrêa, formada pelo Iesb-Brasília, onde vive. Alimentos, técnicas, personagens ilustres, utensílios, contextos histórico-geográficos e muito mais estão na alentada obra da autora que já teve aulas com Roberta Sudbrack, Luciano Boseggia e Laurent Suaudeau.

Primeiras lições de vida (Ed. do autor e mun.de Bento Gonçalves, 252 páginas), do consagrado professor e advogado Alzir Cogorni, traz, com muita emoção, verdade e texto bem escrito em português e talian, suas memórias e vivências em Bento Gonçalves. Narrativa plena de amor, saudade, superação e esperança no futuro. Homenagem muito merecida aos imigrantes italianos.
Nem todas as respostas, mas muitas perguntas boas

Pensando bem... um olhar original a respeito de religião, liberdade, violência, educação, história, ciência, comportamento e política (Editora Contexto, 304 páginas, R$ 49,90) do filósofo e jornalista da Folha de S. Paulo Hélio Schwartsman é, antes e acima de tudo, um saudável e necessário contraponto aos "sábios" que, com frequência, especialmente nas redes sociais, andam fornecendo respostas prontas para todos os problemas do País e do mundo, com base em fé ideológica, religiosa ou de qualquer outro tipo.

Bacharel em filosofia e jornalismo, Schwartsman já ocupou diversos cargos na Folha e, entre 2008-2009, foi fellow na Universidade de Michigan. A Editora Contexto, do historiador Jaime Pinsky, como se sabe, há 29 anos é especialista em ciências humanas e volta-se para a universidade e para o público geral.

Os textos de Schwartsman, em geral, são curtos - o que já é uma grande qualidade -, mesmo quando tratam de grandes temas. O primeiro trabalho da antologia trata de prostituição, novo moralismo e posições de parte das feministas e militantes de direitos humanos sobre o tema. O último texto trata de alimentação, verdades dietéticas e opiniões exageradas sobre alimentos, saúde e a complexa ciência da nutrição.

Sem deixar de opinar sobre milhões de assuntos, notícias, livros, filmes e acontecimentos, Schwartsman, ao fim e ao cabo, procura não ser dogmático e, muito menos, é dos que pretendem apresentar verdades definitivas sobre temas como o terrorismo, a democracia, o preconceito, a demografia do Prêmio Nobel, o valor do diploma e outras dezenas de assuntos que todos os dias tomam conta de nossas mentes pós-modernas.

Schwartsman sabe mais do que ninguém que filosofar, acima de tudo, é perguntar. E sabe que não sabemos e nunca saberemos tudo. O que até é muito bom, caso contrário a vida e o mundo seriam muitos chatos e destituídos dos mistérios e das aventuras de todos os dias.

O autor apresenta alguns dados, muitas informações, fornece opiniões rápidas e claras sobre humor, limites do humor, liberdade de expressão, racionalidade e irracionalidade humanas, discos voadores, problemas educacionais, pátrio poder, homossexualidade, família, crime, violência, polícia e outras dezenas de tópicos. Schwartsman pergunta, responde, informa e, muitas vezes, deixa uma pergunta para que a conversa continue.

Os leitores mais atentos e perspicazes é óbvio que constatarão que o autor tem algumas verdades mais consolidadas, algumas crenças menos abaladas e, como todos nós, carrega uma história, uma cultura, muitas leituras e pontos de vista que vão chegando, ficando, mudando, indo e voltando.
Falando de violência, por exemplo, Schwartsman, com certo otimismo, entende que as sociedades de hoje são menos violentas e mais prósperas do que eram nos primórdios e mesmo em épocas nem tão remotas. Mas mesmo com esse pensamento reconfortante, ele acha que temos que manter a vigilância, que sempre estamos perigosamente perto da barbárie.

a propósito...

O espírito dos textos de Hélio Schwartsman, pensando bem, foi publicado em livro em momento adequado. Com nossas crises econômica, política e social, mais a queda do governo Dilma e o esgotamento dos modelos político-econômicos e a escassez de grana, ética, líderes e ideias, melhor pensar em perguntar o que realmente está acontecendo, sem buscar verdades prontas e acabadas. 

Levaremos tempo, teremos de nos esforçar, as perguntas ainda serão muitas, mas algumas respostas virão, com certeza. Elas sempre vêm. Antes e depois de novas, intermináveis questões, que a história nunca acaba.
Jaime Cimenti

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