sexta-feira, 26 de agosto de 2016



26 de agosto de 2016 | N° 18618 
NÍLSON SOUZA

OU ISTO OU AQUILO


A história do Brasil é uma história de controvérsias.

Desde o começo: Cabral desembarcou na Bahia por engano ou sabia onde estava pisando? Foi descobrimento por parte dos portugueses ou invasão de uma terra que já era habitada por milhares de índios? Navegadores espanhóis que pisaram na região onde viria a ser o Ceará, três meses antes dos portugueses, não seriam os verdadeiros descobridores?

Brasil Colônia: Portugal levou nossa madeira, nosso açúcar e nosso ouro – e nos mandou em troca a família real e seus agregados. Foi uma troca justa? Independência: Dom Pedro I teria mesmo gritado “Independência ou Morte” ou simplesmente pedido papel?

Brasil Império: Maioridade ou golpe? A Constituição da época dizia que a maioridade do imperador ocorreria aos 21 anos, um ato adicional casuísta antecipou a emancipação para 18 anos, mas o grupo encastelado no poder não podia esperar e acabou dando um jeitinho para o adolescente se tornar monarca aos 14 anos.

Primeira República: Deodoro da Fonseca comanda o movimento antimonarquista e toma o poder. Revolução, conspiração ou golpe?

Era Vargas: Golpe? Governo provisório? Ditadura? Redemocratização? Bota o retrato do velho no mesmo lugar.

Regime militar: Renúncia ou esperteza? Legalidade ou atropelo? Parlamentarismo ou faz de conta? Golpe ou revolução? Ditadura ou ditabranda?

Redemocratização: Tancredo e a diverticulite. Sarney e seus fiscais. Collor e seus PCs Farias. Itamar e a volta do Fusca. FHC e os aposentados. Lula e nunca antes na história deste país. Só controvérsias.

E agora, dona Dilma, o discurso da mandioca, crises intermináveis e o interino que labuta para se tornar permanente.

Impeachment ou golpe?

Novos atores e novas atrizes, mas o filme é tão velho, que parece já ter mais de 500 anos. E a plateia se mantém dividida. Somos assim, controversos por natureza.

E depois alguém ainda vai dizer que a culpa é do mês de agosto.

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