terça-feira, 2 de agosto de 2016


02 de agosto de 2016 | N° 18597
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira

NÃO ADIANTA ESPANCAR OS NÚMEROS: A CRISE É REAL

Seis meses consecutivos de atraso nos salários não foram suficientes para os servidores se convencerem de que a fonte secou. Uns se agarram a equações mirabolantes para não perder a esperança, outros negam a crise por desconhecimento da realidade e um terceiro grupo trata o problema de caixa como simples disputa política. Esquecem que o problema do Rio Grande do Sul é gastar mais do que arrecada há mais de três décadas e ter esgotado todas as fontes de financiamento do déficit.

Pode-se criticar o governador José Ivo Sartori pela lerdeza em adotar medidas que ajudem o Estado a sair da crise ou por deixar que a conta recaia exclusivamente sobre os servidores do Executivo, enquanto nos outros poderes o funcionalismo recebe em dia e ainda consegue reajuste. Daí a achar que atrasa salários por sadismo vai uma diferença monumental. Qual governante pode sentir prazer em ser fritado em praça pública por não pagar servidores em dia?

Na sexta-feira passada, o governo depositou apenas R$ 980 por matrícula. Desembolsou R$ 320 milhões. Ontem, os servidores da administração direta esperavam receber mais alguma migalha, mas não foram feitos novos depósitos. O pouco que havia em caixa foi reservado para pagar, hoje, a folha das fundações. São R$ 35 milhões para 5,2 mil servidores, que terão o salário integral creditado na conta.

Por que o governo não parcela os servidores das fundações, das autarquias e das estatais? Porque são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho e o atraso implicaria sanções que não estão previstas na legislação que regula a administração direta. Ontem, foram repassados mais R$ 8 milhões para quitar os salários dos empregados da Procergs.

Como o Estado não vive apenas para os servidores, há outros gastos que não podem ser pedalados indefinidamente. Repasses para a saúde, por exemplo. A Justiça bloqueia cerca de R$ 7 milhões por dia para pagamento de medicamentos e requisições de pequeno valor (RPVs). Com o pagamento de juros pela utilização dos depósitos judiciais – que o governo saca até o limite de 95% do saldo – são gastos R$ 5 milhões por dia. Até sexta-feira, serão gastos mais R$ 5 milhões com RPVs, R$ 4,5 milhões com FGTS e férias de celetistas e R$ 2 milhões com o vale-refeição das fundações.

ELEIÇÃO RACHA O PP
Que o PP estava dividido em relação a quem apoiar em Porto Alegre na eleição de outubro, ninguém duvidava. Na reunião do diretório, ontem à noite, essa divisão ficou expressa em números: 53 votaram pela aliança com Sebastião Melo (PMDB) e 53 pela coligação com Nelson Marchezan (PSDB). Embora todos estejam no governo, Melo é o candidato do prefeito José Fortunati. Marchezan vai fazer oposição à atual administração da Capital na campanha.

Como não havia sido definida uma regra para desempate, instalou-se a confusão. Por consenso, o diretório municipal definiu que haverá uma nova votação, amanhã, na convenção.

Embora o quórum seja o mesmo (101 votantes e 106 votos), o presidente do PP em Porto Alegre, Kevin Krieger, está convencido de que a próxima disputa não terá placar igual, mas, se houver novo empate, não há, até agora, um critério de decisão.

Se optar pela coligação com Marchezan, o partido escolherá, logo depois, o candidato a vice.

Se resolver por uma aliança com Melo, o PP ficará ao lado de outros 15 partidos que já fecharam com o PMDB e, dificilmente, terá oportunidade de indicar o vice. A tendência é o PDT escolher hoje, em reunião do diretório, o companheiro de chapa de Melo.

IMPASSE NO DETRAN
Fracassou a tentativa do governo de apaziguar os ânimos do Detran atendendo à reivindicação de melhores instalações para a aplicação dos exames teóricos a candidatos a motoristas.

O secretário Raffaele Di Cameli pretendia inaugurar ontem um espaço no térreo do Centro Administrativo, mas os servidores em greve não permitiram. As provas são aplicadas por contratados em caráter emergencial.

Di Cameli reafirma que o Detran não tem como conceder o reajuste salarial pretendido e avisa que será mantido o corte do ponto de quem está em greve.

PDT SE DIVIDE NA DISCUSSÃO SOBRE VICE
Não seria o PDT se as questões mais espinhosas se resolvessem sem briga.

Embora o candidato do PMDB a prefeito, Sebastião Melo, tenha congelado a discussão sobre a escolha do vice até a definição do PP e não esconda sua preferência por Vieira da Cunha, o PDT reuniu as zonais para discutir o assunto.

O presidente do partido, Pompeo de Mattos, foi vaiado ao defender a tese da bancada estadual, que indicou a deputada Juliana Brizola.

Presidentes das 10 zonais assinaram documento indicando o vereador Mauro Zacher.

No meio da discussão, Juliana foi acusada de não cumprir o estatuto do partido, ao se recusar a pagar o dízimo exigido dos detentores de mandato e dos funcionários que ocupam cargos em comissão em seus gabinetes.

Nenhum comentário: