segunda-feira, 9 de novembro de 2015



09 de novembro de 2015 | N° 18350 
NILSON SOUZA

Os salvadores da pátria


Escrevo sobre política, já vou avisando na primeira linha para dar chance aos leitores muuuito enfarados de interromper a leitura. Mas peço que fiquem aqui mais um pouquinho e compartilhem comigo esta reflexão: querendo ou não, gostando de política ou não, em breve teremos que fazer novas escolhas sobre nossos representantes na administração pública, desta vez no âmbito municipal, prefeitos e vereadores, aqueles governantes que ficam mais próximos dos cidadãos. 

Ainda é cedo para se falar em nomes, embora a tendência seja de que surjam os mesmos de outros carnavais, mas já dá para pensar nos perfis dos homens e das mulheres que gostaríamos ou que não gostaríamos de ver no poder.

Os partidos políticos estão pra lá de desmoralizados, principalmente os mais tradicionais, quase todos enrolados em escândalos de corrupção e envolvidos em alianças totalmente espúrias. Nossos governantes e parlamentares passam por um momento de total descrédito. Ninguém acredita em ninguém, as pesquisas mostram mais rejeição aos candidatos e partidos do que apoio. Se o voto não fosse obrigatório em nosso país, certamente a maior parte da população ficaria em casa no dia da eleição. Mesmo sendo compulsório, muitos brasileiros devem estar pensando hoje em renunciar a esse direito/obrigação, anulando ou votando em branco.

Essa é a realidade de um país em crise e desesperançado. Na política, também estamos levando 7 a 1, e o jogo parece interminável.

Pois este ambiente de incertezas é propício ao surgimento de figuras folclóricas, personagens midiáticas e salvadores da pátria. Quando os candidatos começarem a mostrar a cara, não faltarão aqueles que se dizem antipolíticos, que são contra “tudo isso que está aí”, que têm soluções mágicas para todos os problemas e que se consideram os únicos honestos da disputa.

Não podemos cair nessa armadilha.

Os folclóricos, extravagantes, messiânicos e autoritários costumam ser ainda mais perigosos do que os outros (leia a excelente reportagem de Paulo Germano no último caderno PrOA). Nunca se sabe como vão utilizar o poder. Tudo bem, você pode argumentar que é melhor o risco do que a certeza percebida atualmente, com tantos políticos envolvidos em falcatruas. O argumento é forte, reconheço. Mas peca pela generalização. Mesmo no ambiente contaminado da política brasileira, sempre é possível identificar gente responsável e honesta.

Aí está o nosso desafio de eleitores indignados: procurar agulha no palheiro e eleger pessoas sérias, trabalhadoras e íntegras. Se você se considera um cidadão assim, deve haver mais gente como você.

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