sexta-feira, 27 de novembro de 2015


Sensibilidades de Antônio Carlos Côrtes 
e Luiz Armando Vaz
Jaime Cimenti

Cronistas, quase sempre, adoram falar em primeira pessoa, contemplar o próprio umbigo, dar opiniões pessoais e apresentar visões pessoais sobre tudo e todos. Hoje, a crônica se tornou, na maior parte do tempo, pequeno artigo de opinião. Felizmente, esse não é o caso do advogado, radialista, escritor e homem de cultura Antônio Carlos Côrtes, que acaba de lançar sua segunda coletânea de crônicas, chamada Rua da Praia 40º (Palmarinca, 136 páginas, accortes@ig.com.br), acompanhada de dezenas de fotos de Luiz Armando Vaz.

Côrtes, que já foi presidente do Conselho Estadual de Cultura e, atualmente, integra a instituição, lançou em 2014 a coletânea de crônicas Bailarina do sinal fechado (Palmarinca, 102 páginas) falando de samba, Carnaval, Porto Alegre, Copa do Mundo, holocausto, vuvuzela, Ospa, advocacia, busca do texto perfeito e outros temas, mostrando como gosta de mesclar sua sensibilidade e suas experiências de vida vivida com o saber acadêmico e a cultura popular.

Em Rua da Praia 40º, que tem bela arte da capa do arquiteto e artista plástico Vinícius Vieira, Côrtes novamente trata de temas que tocam altamente sua sensibilidade, como a Rua da Praia, o Centro de Porto Alegre, o Guaíba, o samba, o Carnaval, a música e os músicos (inclusive, e principalmente, o irmão baterista, Elias), o deputado Carlos Santos, as questões da cultura e da cidadania negras, o Parque da Redenção e muitos temas mais que os rio-grandenses tanto prezam.

Os textos de Côrtes são generosos, afetuosos e solidários, como ele é. O autor não está preocupado com vaidades e gloríolas passageiras. Na página 18, escreve que ninguém é mestre de nada, que somos todos alunos mais antigos. Na página 77, está declarado que, desde criança, educado por dona Isolina e seu Egydio, ele segue o caminho do amor ao próximo.

Está escrito na orelha do livro: "Antônio Carlos Côrtes e Luiz Armando Vaz palmilham, desde os anos 70, alegrias da cultura do Carnaval. Côrtes pelo microfone de rádio e televisão. Vaz pela lente mágica da fotografia, buscando, não só o melhor ângulo, mas arte pura. Ambos por este trabalho conjunto procuram desfilar na avenida da vida, desde a concentração, sem atravessar o ritmo, chegando à dispersão com muita história em forma de crônicas para contar. Até porque a fotografia nos revela, discretamente, variedade de tons sem perder a emoção e a sensibilidade. Texto e fotografia se complementam em parceria que não desafina".

É isso mesmo. Os textos de Côrtes e as fotos de Vaz desfilam com a elegância, o sincronismo e as fantasias de bom gosto e belo acabamento, como as de competentes porta-bandeira e mestre-sala.

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