sexta-feira, 20 de novembro de 2015


Jaime Cimenti

Primogênitos, do meio e caçulas

Meio pretensioso falar em geografia e constelação familiar em algumas poucas linhas, mas vamos lá, andei pesquisando no doutor Google e nas minhas memórias reais e inventadas e resolvi mexer na abelheira.

Caçula, filho mais novo, último filho, último da família, "rapa do tacho", caçulinha, é palavra originada do quimbundo kasule, ultimamente, anda meio em desuso. Têm muitas famílias sem filhos, outras com filho único ou só com pets. Mas nas tribos de dois filhos ou mais, o caçula sobrevive, impávido, quase sempre aquela gracinha.

O primogênito, em geral, é o mais desejado, o mais fotografado, o mais cobrado, o mais líder, o mais fazedor. É também, quase sempre, mais tímido, mais estudioso, reservado e ciumento, o que busca excelência e realizações para aprovação. Dizem as pesquisas norte-americanas que consegue ser mais admitido em missões espaciais e bolsas de estudo. Primogênitos costumam ser mais sérios e, às vezes, ficam "protegendo" ou perseguindo os irmãozinhos menores. Às vezes, são minipais ou minipadrastos, depende. Dizem que os pais falam mais com eles, puxam mais por eles e que isso aí os deixaria mais competentes. Há controvérsias.

Filhos do meio têm fama de conciliadores, pacificadores, ficam ensanduichados, sem tanta pressão quanto sofrem os primogênitos e sem tanta liberdade quanto têm os caçulas. Tendem a ser compreensivos e a conviver bem, a ser mais calmos, mais displicentes e menos disciplinados que os primogênitos. Por vezes, se queixam que ficam meio perdidos entre os mais fotografados e os ditos mais mimados e protegidinhos, os tais caçulas. Os do meio, muitas vezes, acham que os primogênitos foram mais cuidados pelos pais e que os caçulas são os mais mimados da família. Mas os do meio são bons negociadores. É o jeito.

Os caçulas chegam por último para animar a festa. Precisam fazer muita, muita força para chamar a atenção. Eles querem muuuuita atenção, coitadinhos. São quase sempre simpáticos, sorridentes, aprendem a seduzir com seu charme e sua simpatia. É o jeito. Alguns se tornam comediantes, atores, escritores, artistas, médicos ou trabalham em outras atividades ligadas com criação e liberdade. Caçulas são mais rebeldes, revolucionários, lutam mais por igualdade, inclusive racial, porque já chegaram num ambiente com alta divisão. Primogênitos ganham mais eleições, caçulas promovem mais revoluções. Caçulas são menos conservadores.

a propósito...

O texto acima resultou de leituras no doutor Google, como disse, de experiências pessoais, dos outros, de memórias inventadas e reais, e claro, não pretende ser absoluto e dogmático. Pretende só definir e brincar um pouco com características de filhos para, até, formar famílias e pessoas diferentes, mais felizes e melhores. Mesmo que a família seja de uma pessoa só, de um só com um pet, ou com filho único. Bom, sendo filho único, por ser bem único, será objeto de um texto exclusivamente para ele. Ele merece. Receber as atenções, as preocupações, aguentar e ensinar pai e mãe sozinho é tarefa gigante. O filho único merece um texto único. 

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