28 de novembro de 2015 | N° 18369
DAVID COIMBRA
Muito obrigado
Foram tantas distrações com Delcídios, que nem falei sobre o feriado do Thanksgiving, o Dia de Ação de Graças. É uma data pela qual os americanos nutrem muito apreço, desconfio de que mais do que pelo Natal.
Tudo fecha, todo o comércio, o que é significativo, porque aqui o comércio fica aberto sempre, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Acho uma data muito bonita. Um dia para agradecer...
Sem dúvida, uma demonstração de humildade. E uma atitude positiva em relação à vida. Se você agradece pelas coisas que têm, sejam quais forem, você certamente é uma pessoa feliz.
Nas escolas, as crianças são incentivadas a refletir por um momento e a escrever a respeito do que têm a agradecer. Não raro, a composição é lida para a família antes do jantar de Ação de Graças.
Nessa noite, participamos de um típico repasto americano, na casa de amigos. Sobre a mesa, rescendia um peru de oito quilos que deve ter sido imponente quando ciscava pela vida. Estava dourado como uma Gisele Bündchen. Sim, era da cor de Gisele, e aquilo me fez feliz.
Diante daquele grande peru, e de nós, adultos, as crianças leram seus textos. Meu filho agradeceu pela existência do jogo X-Box 300, o que considerei compreensível, e pelos coalas australianos, o que me deixou intrigado.
Uma menina pegou do violino e dele tirou uma música doce. Ela está aprendendo a tocar o instrumento na escola, e percebi que havia ensaiado diligentemente para a ocasião.
A singeleza da cerimônia e a quarta taça de tinto italiano me deixaram levemente comovido, e eu também fiz meus agradecimentos.
Lembrei de minhas manhãs.
Acordo sempre muito cedo, escuro ainda, e vou até a porta de vidro da sacada e olho para fora e vejo lá longe, na linha do horizonte, a faixa de luz alaranjada que começa a iluminar o céu. As pessoas estão dormindo, a cidade está quieta e o ar é fino. É tão bonito o suave nascer do dia, tão majestosamente silencioso e pacificamente envolvente, que me emociono. É meio piegas isso, sei, mas é verdadeiro: cada novo dia me toca, apenas por ser um novo dia.
Agradeci, pois, pelas manhãs. Em seguida, olhei para o peru. Lembrei de Gisele Bündchen.
E, suspirando, agradeci pela Gisele também.
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