15 de novembro de 2015 | N° 18356
DAVID COIMBRA | David Coimbra
É preciso ter algo a perder
Existe pelo menos um bilhão e meio de muçulmanos no mundo. A maioria deles não é favorável a ações violentas contra o Ocidente. Mas o problema não é a maioria; o problema é a minoria. Pesquisas apontam que, no mínimo, 20% deles apoiam a Jihad. Isso significa 300 milhões de pessoas, uma vez e meia a população do Brasil.
O que o Ocidente pode fazer?
Fechar as fronteiras para os muçulmanos? Expulsar os que já vivem nos países ocidentais? Declarar guerra contra todos?
É evidente que todas as alternativas acima são absurdas.
A Otan pode empreender ações terrestres contra o ISIS (sigla, em inglês, do Estado Islâmico), certamente abalará a organização terrorista, mas conseguirá derrotá-la? Dificilmente. Terroristas não têm sede, não têm governo constituído, seus comandantes não podem ser “derrubados”, porque seus postos não são oficiais. A força do terrorismo é, exatamente, a clandestinidade. Eles atuam protegidos pelas sombras, escondem-se na aridez do deserto ou nas cavernas das montanhas.
Como alcançá-los?
É certo que haverá reação militar do Ocidente, porque não é mais possível suportar a crueldade destes inimigos da humanidade. Mas a ação bélica não será o suficiente. Se o Ocidente quer viver em paz, terá de fazer cessar o fluxo de soldados para o terror islâmico, esses soldados desesperados, que aceitam explodir seus próprios corpos em nome de uma causa. De alguma maneira, o Ocidente terá de fazer com que as vidas deles valham a pena. Por ironia, terá de ajudá-los a gostar de viver. Para que eles, finalmente, tenham algo a perder.
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