segunda-feira, 30 de novembro de 2015


30 de novembro de 2015 | N° 18371 
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

BAD JESSICA


Jessica Jones é uma mulher poderosa em sua fragilidade emocional. Detetive particular daquelas de catálogo, que tem escritório todo esburacado e muitos casos para resolver, em boa parte, com ela mesma. Ela é durona, sensível, beldade e capaz de enfrentar criminosos e sedutores com o mesmo olhar de quem não está nem aí para nada. Ou seja: Jessica Jones é personagem de quadrinhos.

Os quadrinhos, em suas diferentes formas e estilos, têm uma coisa em comum. São juvenis – no mínimo por conta de quem os cria. Quem desenha as histórias sabe tudo de desenho, quem cria e escreve não sabe nada da vida.

Jessica Jones se diferencia da maior parte dos quadrinhos por ser adulta, pelo menos na intenção. Se você tem idade suficiente para ver a série, vai descobrir que existem cenas de sexo, mesmo que parcialmente cobertas por lençóis e cobertores, no melhor estilo roliudiano. Jessica é uma mulher moderna, e não seduz, declara. O que quer, ela faz, a não ser que seja impedida pelo seu arqui-inimigo, o bad, bad, bad Killgrave.

Killgrave é ruim de doer, de beliscar criancinha no metrô. Ele também controla a mente dela e de outras mulheres, no que Jessica Jones não é assim tão feminista, para este colunista. O mundo gira, mas os culpados de praticamente tudo que acontece são eles, esses seres detestáveis aka homens.

A série é um sucesso, mais um, da Netflix, que os emplaca com uma frequência que deve deixar muito executivo de Roliú enlouquecido. De melhor, na minha opinião, fica ela mesma, Jessica. De pior, de novo na opinião desse que vos atormenta, o fato de a série vir não da vida e de suas convexidades, mas dos quadrinhos, que acreditam que a Terra e todos os seus personagens são planos.

Jessica Jones não tem um pingo de realidade nas veias, o que não quer dizer nada, porque estamos falando de quadrinhos. A série é bacana, se faz ver, e está ali para qualquer um ver. Portanto, veja, uai.

Nenhum comentário: