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terça-feira, 17 de novembro de 2015
17 de novembro de 2015 | N° 18358
LUÍS AUGUSTO FISCHER
O TAMANHO DO ESTRAGO
Aquela barragem de rejeitos da Samarco/Vale, que estourou semana retrasada, já completou seus mais de 500 quilômetros de estragos, lá de Minas até o litoral do Espírito Santo. Previsão calcula que são uns 62 bilhões de litros de sujeira no litoral, manchando dezenas de quilômetros de praia.
A lama tem concentração de metais até um milhão e trezentos mil por cento superior à água corrente por ali. Tem metal tóxico na parada, daqueles capazes de causar males em ritmo lento e inexorável por muito tempo, dezenas de anos.
Estamos falando de milhões de animais mortos imediatamente, milhões de plantas e até pessoas; mas estamos falando de leitos de rios e córregos que ficaram como que, dizem os entendidos, cimentados, impermeáveis.
Um quadro que circulou no Facebook comparava: a distância entre a barragem e o litoral capixaba é igual à distância entre Glasgow, Escócia, e Londres, Inglaterra. Ou, digamos em medida local, é mais do que a distância entre Porto Alegre e Alegrete, Porto Alegre e o Chuí ou Porto Alegre e Santana do Livramento, e é mais ou menos igual ao espaço que há entre Porto Alegre e São Borja.
Leigo no tema, e sem entender nem mesmo rudimentos da química e da biologia envolvidas no horror, me pergunto: comparada aos grandes pavores de outras paragens, o nosso ficaria longe? Perto? Seria maior? Também nisso somos gigantes?
As autoridades públicas – prefeito, governador, presidente, deputados, senadores, promotores, juízes – saberão fazer o que é preciso fazer? Terão coragem para fazer o que deve ser feito, a mesma que tantas vezes têm para sacanear, driblar a lei, ferir direitos, tergiversar, enrolar? Será mais um caso de impunidade no nosso triste país? A gente tem ainda a quem reclamar? Algum bispo está atendendo casos de ecologia assassinada?
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