11 de novembro de 2015 | N° 18352
MARTHA MEDEIROS
Os meus livros do ano
2015 foi o primeiro ano em que tive um perfil no Facebook. E foi o ano em que li menos. Óbvio que tem relação. Já estou tratando de diminuir o tempo que perco furungando no smartphone.
Mesmo assim, deu pra selecionar algumas dicas para estes últimos dias de Feira do Livro de Porto Alegre, atendendo a pedidos.
Começo destacando Stoner, de John Williams, cujo primeiro parágrafo é um spoiler: resume tudo o que virá pela frente. O que a gente não imagina é o quanto esse “tudo”, que abrange a vida inteira de um homem comum, pode ser fascinante. Outra história sobre um homem comum é A Morte do Pai, do norueguês Karl Ove Knausgard, que se divide em duas partes: a adolescência e a maturidade do personagem. O livro cresce do começo para o fim – assim como nós.
Tenho um fraco por Domingos Oliveira. Iniciei 2015 lendo sua ótima autobiografia, Vida Minha, e acabo de ler seu primeiro romance, Antônio: o primeiro dia da morte de um homem. Mesmo escrevendo ficção, Domingos não consegue fugir dele mesmo – ufa. Em ambos os livros, sua marca registrada: o encantamento pelas mulheres, pela vida, pela paixão. Uma prosa repleta de filosofia e um pouco de bandalheira para dar graça à coisa. Solar. Adorável.
Ainda as relações humanas: Pagando por Sexo, do cartunista Chester Brown, traz em quadrinhos uma discussão interessante sobre prostituição, baseada na trajetória pessoal do autor. Desiludido com o amor romântico, Chester decide sair apenas com garotas de programa. Uma reflexão provocativa e inteligente sobre a solidão e as dificuldades de relacionamento.
E ainda biografias: a de Oliver Sacks, Sempre em Movimento, é dinâmica como sugere o título. A neurociência acaba virando pano de fundo para o que salta das páginas: gana de viver. E Elis, uma Biografia Musical, de Arthur de Farias, é obrigatória não só para os fãs da cantora, mas para quem quer enxergar a história da MPB por dentro.
As conversas entre o cineasta José Pedro Goulart e o psicanalista Paulo Sergio Guedes renderam o vibrante É Preciso Viver no Mundo da Lua – um olhar arguto e desestressado sobre a existência.
Poesia? Todas as Mulheres, de Fabrício Carpinejar. Depois de oito anos longe dos versos, ele retoma o gênero e a verve.
Para os adolescentes, Diário de uma Sentimentalista, da jovem e afiada estreante Sthefany Lacerda, que arranca em alta velocidade rumo à conquista de uma voz madura, logo, logo.
Por fim, sugiro David Nicholls e seu Nós, trocadilho para a história de um casal que está junto há 25 anos e que tenta se desamarrar, Três Vezes ao Amanhecer, prosa espetacular do italiano Alessandro Baricco, e Os Largados, do também italiano Michele Serra, um primor de ironia.
Foi o que o Facebook permitiu, esse sanguessuga.
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