segunda-feira, 2 de novembro de 2015



02 de novembro de 2015 | N° 18343 
NÍLSON SOUZA

Pindaíbas

Estamos todos na pindaíba – o país, o Estado, as empresas e os cidadãos dessa terra abençoada por Deus, bonita por natureza e degradada pela cobiça humana.

Fui procurar a origem do termo e encontrei várias explicações. O Houaiss diz que a palavra vem do idioma africano quimbundo e significa “miséria feia”. Outros linguistas asseguram que saiu do tupi, mas significando “vara de anzol”. Há ainda quem traduza da mesma língua como “selva de cipós”, onde os índios ficavam presos. De qualquer maneira, estar na pindaíba é estar na pior – a não ser que você more numa das quatro localidades brasileiras que têm esse nome oficial.

Pois não é que Pindaíba, assim com inicial maiúscula, existe de verdade, para mineiros, mato-grossenses, piauienses e paulistas. São localidades batizadas em homenagem à árvore frutífera que também se chama assim, e que dá frutas avermelhadas em forma de pinha. A família botânica das pindaíbas é grande, há outras variedades, mas não vamos nos espraiar por este matagal. A pindaíba que nos interessa, neste comentário, é a que significa estar na miséria, falido, sem dinheiro, sem eira nem beira.

Será que não vamos mais sair dessa?

De vez em quando, leio que cada brasileiro já nasce devendo não sei quantos reais por causa da dívida pública, que não foi feita por nossa vontade, mas é de todos. É como o famoso pecado original – congênito e hereditário. E tremendamente injusto.

Embora nascido e residente nesta Pindaíba do Sul, que é como nosso Estado poderia ser chamado atualmente, sou teimosamente otimista. Acredito firmemente que ainda vamos sair deste poço sem fundo, como aqueles mineiros chilenos do filme saíram das profundezas da Terra. Como? Com uma revolução? Com manifestações para trancar o trânsito? Xingando os políticos com alguma palavra em quimbundo?

Sei lá. Desde que respeitemos as regras da democracia, que cada um faça o que quiser. Mas que não se esqueça de fazer também a sua parte para sair da própria pindaíba. Se sairmos todos, o país sai junto.

Não podemos deixar essa tarefa apenas para a Dilma, para o Levy e para toda aquela gente atrapalhada que elegemos para nos representar nos altos escalões da República.

Na nossa pindaíba, mandamos nós.

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