Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 6 de dezembro de 2008
MAIS UMA DE PALOMAS
Apesar da crise americana com reflexos mundiais, Palomas está cada vez mais neoliberal e sem porteira. É incrível o que acontece por lá. Vive-se o crepúsculo da elegância, mesmo que a indumentária esteja sempre cuidada como se fosse para baile, missa, batizado ou carreira.
Tem cada índio saindo da bainha mais lustroso do que bota de defunto e cada prenda mais enfeitada que árvore de Natal de casa de estancieiro. Povoado de fronteira, contudo, vila sem limites. Ainda bem que o restante do país está imune ao vírus que tomou conta de Palomas. Imagino que seja difícil entender o que estou dizendo.
Em Palomas, lugar de extrema beleza natural e de gente afável no trato, embora rápida no gatilho, há muita corrupção entre políticos, clientelismo, falta de transparência e, mais do que tudo, arrogância nos setores que deveriam dar exemplos de racionalidade e ponderação. Algumas pessoas e grupos se imaginam donos do pedaço.
Eu, que sou palomense de quatro costados, especialmente o da costela, não consigo, certos dias, acreditar no que vejo, ouço e, principalmente, leio. A baixaria pode ir muito longe, ao fundo de poço artesiano. Como dizia meu avô, um filósofo do pampa, a moral em Palomas cresce feito cola de cavalo. Para baixo. Há quem apare. Aí fica rabão.
Nesta semana, li no jornal oficial da Rede Baita Sol, conhecido por seu bairrismo radical e por adorar celebridades efêmeras, uma nota que me fez corar de vergonha. A Rede Baita Sol só vê o próprio umbigo. Se acontece uma tsunami nos confins do planeta e morrem milhares de pessoas, a Rede Baita Sol titula sem hesitação: Palomense escapa por pouco da tragédia.
A nota que me fez ficar mais rubro do que com a vitória do Inter na Sul-Americana era mesquinha.
O veículo menosprezava a campanha beneficente da concorrência em favor das vítimas das chuvas em Santa Catarina. Insinuava não existir controle externo das doações recebidas em dinheiro. Isso por ter o Ministério Público de São Paulo se recusado a fiscalizar o processo por não considerar a tarefa uma atribuição sua. Imediatamente, então, foi contratada uma auditoria privada.
A maledicência, contudo, prosperou. Afinal de contas, a Rede Baita Sol começara atrasada a cobertura da catástrofe natural de Santa Catarina e, acima de tudo, não se empenhara desde o princípio numa campanha para ajudar os flagelados.
É incrível como só em Palomas pode acontecer esse tipo de golpe baixo. A Rede Baita Sol sempre entendeu que o astro-rei era sua propriedade. Até aí nenhuma novidade. O novo consiste em achar que até as piores tempestades devem trazer-lhe alguns benefícios.
Uma leitura apressada poderia levar a pensar que se trata de inveja. Xará engano!, como gostava de dizer seu Ledo, poeta palomense afeito a um trocadalho do carilho em meio a um jogo de truco (no qual jamais cantava 'flor', mas somente 'sua formosa irmã'). Pois inveja não pode ser.
A Rede Baita Sol julga-se tão acima de tudo, tão desinteressada, tão soberana, tão impoluta e legal que jamais sentiria inveja. Ou não confessaria. Nesse caso, só resta uma possibilidade: extrema preocupação com o bafo na nuca dado pela concorrência.
Seria melhor – como também dizia seu Ledo, mais conhecido como Seu Engano, pois os demais palomenses também adoram 'trucodilhar' e fazer prosa –, enfim, seria melhor não misturar malhos com bugalhos. Cheira e paga mal.
juremir@correiodopovo.com.br
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