Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
29 de dezembro de 2008
N° 15833 - KLEDIR RAMIL
Uma língua estranha
Em minha coluna anterior, publiquei um texto escrito em gauchês. “Um findi a fuzel” é uma história improvável, com personagens que misturam gírias atuais de Porto Alegre, algumas que caíram em desuso e até coisas antigas que eram faladas no Interior. A intenção era brincar com a possibilidade de escrever em português (?) sem que a maioria dos brasileiros conseguisse entender.
Nas colunas que publico em outros jornais e revistas, fora daqui, fui obrigado a escrever um glossário explicando cada termo usado. Um glossário tão extenso que ficou maior que o próprio texto.
Nós, os gaúchos, precisamos saber identificar quais são as expressões usadas apenas aqui no Sul, para, quando estivermos longe dos pagos, podermos traduzir para aquela língua estranha que falam no restante do Brasil.
Se você está com planos de viajar para fora do Rio Grande do Sul, tome cuidado. Não vá fazer como minha mãe, gaúcha do Interior. Na primeira vez que foi ao Rio de Janeiro, entrou numa padaria e pediu: “Tchê, me dá um cacete!”. E nem vá comentar numa festinha de crianças que está a fim de comer uns negrinhos. Pode pegar mal.
E mais. Esqueça a mania de cortar as palavras e falar coisas como fíndi, súper, berga, bici. No caso da berga, não adianta dizer que é bergamota, é preciso explicar que deseja tangerina ou mexerica. E se estiver em Curitiba, tem que pedir “mimosa”.
O pai, a mãe – o gaúcho fala de seus próprios pais na terceira pessoa, como se o artigo definido já deixasse explícito que não se trata de um qualquer. Pelo Brasil afora usam sempre “o meu pai”, identificando de que pai estão falando. Ou o estilo carinhoso “papai, mamãe”, que deixa claro a quem se refere.
Vou ir – do nosso verbo “ir ir”. Não é preciso repetir o verbo, o pessoal entende melhor quando se diz apenas “eu vou”.
Se você soltar um “bem capaz!”, vai ter que traduzir. Agora, se deixar escapar um “tchê”, um “bah” ou um “mas ah!”, não se preocupe. O interlocutor vai conseguir entender o espírito da coisa. Só não faça isso dentro de um táxi, senão o motorista vai ficar dando voltas pela cidade.
Acho que, com essas instruções básicas, já dá pra você viajar sem maiores problemas. Melhor do que isso, só se pedir ajuda pro Fischer e pro Cláudio Moreno.
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