quarta-feira, 24 de dezembro de 2008



24/12/2008 e 25/12/2008 | N° 15829
N° 15829 - LETICIA WIERZCHOWSKI


Falando em Pólo Norte…

Em dia de Natal, uma crônica sobre aquela terra mítica, cheia de renas e duendes, onde dizem que o bom Papai Noel vive, e de onde, também, ele sai todo santo ano na época do Natal com o trenó carregado de presentes para as crianças do mundo. Esta é uma história do Ártico, sim, mas de um Ártico diferente.

Esta é a história do Ártico que vem se derretendo de maneira impressionante por causa do aquecimento global, onde o inverno chega com três meses de atraso, impedindo a formação da camada de gelo na qual, por exemplo, os ursos vivem e se locomovem – o Papai Noel, no caso, deve andar de galochas por lá, tomando extremo cuidado para não pisar numa placa de gelo fino e ser engolido, com todo o seu barrigão, pelas águas glaciais.

Então é o seguinte: passado o Natal, depois que seu filho já tiver aproveitado os presentes do Bom Velhinho, vá até uma locadora de DVDs próxima da sua casa e alugue Aventuras no Novo Ártico.

Você e sua família não haverão de encontrar nenhuma rena do nariz vermelho, nem qualquer duende, mas acompanharão a duríssima vida de duas crianças do Ártico – Nanu, uma filhote de urso polar, e Seela, uma filhote de morsa. Do nascimento até a vida adulta, vocês seguirão as aventuras e desventuras desses dois animaizinhos num mundo mágico e hostil, um mundo que vem se acabando.

Uma luta diária pela sobrevivência num lugar inóspito, onde as regras anteriores de vida já não valem mais – as mães de Nanu e de Seela também desconhecem esse novo Ártico mais quente e menos congelado, e a cada ano as dificuldades aumentam para todos. Você vai chorar, ah, vai. E vai se emocionar.

E vai pensar duas vezes antes de deixar a água jorrar da sua torneira, e vai apagar as lâmpadas desnecessárias, e talvez até cogite em fazer aquele trajeto a pé, ao invés de tirar o carro da garagem.

Aventuras no Novo Ártico é um incrível e belíssimo documentário sobre um mundo que desconhecemos e suas impressionantes criaturas, o resultado de muitos anos de trabalho do casal Adam Ravetch e Sarah Robertson, que chegaram a esperar semanas sob um frio de 28°C negativos para simplesmente saírem do abrigo e filmarem a chuva ou o vento – a média do casal foi de dois dias de filmagens por mês.

Uma incrível empreitada, uma grandiosa lição de coragem, um aviso incontestável de que todos nós devemos fazer um pouco, diariamente, para que o nosso planeta não mergulhe no caos irreversível. Não deixe de ver esse filme.

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