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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
24/12/2008 e 25/12/2008
N° 15829 - PAULO SANT’ANA
Queda na imagem da Petrobras
O ano termina com uma péssima imagem da Petrobras junto ao povo brasileiro.
Desde que foi fundada a Petrobras, em meados do século passado, o sentimento que o povo brasileiro lhe dedicou foi o de orgulho.
E o auge deste regozijo cívico dos brasileiros com a sua estatal de petróleo se verificou quando o presidente Lula anunciou, poucos anos atrás, que finalmente o Brasil se tornara auto-suficiente em petróleo.
O índice de produção tão sonhado pelo Brasil tinha sido atingido. E, evidentemente, os brasileiros ambicionavam se beneficiar da independência energética do país, pagando menos pelos combustíveis e vendo catapultado o seu desenvolvimento por não ter mais que gastar divisas com a importação de petróleo.
Mas o que se viu foi de desanimar os brasileiros e de fazê-los encarar a Petrobras com desconfiança e até desprezo pela sua sorte.
Quem é que vai se entusiasmar entre o povo com o início da exploração pela Petrobras da camada de pré-sal se, autoritariamente, a Petrobras e o governo não diminuem um centavo no preço dos combustíveis, sabendo-se que nos últimos cinco meses o preço internacional do barril de petróleo baixou em assombrosos 73%?
É de doer na alma que os brasileiros não sejam beneficiados nem pela auto-suficiência, nem pela queda espantosa do preço do petróleo.
Olhamos com inveja a Venezuela e a Argentina repassarem para seus povos preços concretamente acessíveis, enquanto a Petrobras fixa para os combustíveis que vende no Brasil índices perversos que se situam entre os mais altos do mundo.
Basta dizer que os EUA repassaram integralmente para seus consumidores a queda de 73% no preço do petróleo.
E, no Brasil, nada. Continuamos a pagar pelo nosso diesel e pela nossa gasolina valores extorsivos, que tanto exploram até o escorchamento o consumidor nacional quanto colaboram decisivamente para o marasmo da nossa economia, que proporcionaria um salto de desenvolvimento extraordinário ao país se o governo aproveitasse esse momento de crise prenunciada para reduzir os preços dos combustíveis.
A política, no entanto, é de tornar rica a Petrobras, mesmo que seja à custa da pobreza do povo brasileiro.
Dane-se o pré-sal se sua exploração somente servir para o enriquecimento da Petrobras e do seu funcionalismo extraordinariamente bem pago e bem servido em sua previdência privada, enquanto o povo brasileiro e a nação não se beneficiam dos lucros extraordinários da estatal que era tão querida por todos nós, mas que, por essa política de não-compartilhamento de seus lucros com o povo e com a economia nacional, cada vez mais se distancia sentimentalmente da população.
É muito triste manter o preço dos combustíveis nos postos de gasolina quando o preço de mercado, exatamente o centro do argumento da Petrobras quando elevou até as nuvens os preços dos combustíveis, cai inexoravelmente a um nível assustador.
A sensação que temos com a Petrobras é de que estamos sendo explorados por ela. Alguém vai ter que tomar providências para mudar radicalmente a imagem triste que a Petrobras está adquirindo junto ao povo que a ergueu.
E, finalmente, desejo à multidão de fiéis leitores desta coluna um Natal feliz junto a seus familiares.
Muito obrigado por todos os dias debruçarem seus olhos sobre esta coluna. O único sentimento de que me invisto é o de gratidão. Feliz Natal!
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