Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
24/12/2008 e 25/12/2008
N° 15829 - MARTHA MEDEIROS
Escute o Natal
Cada pessoa se prepara de um jeito para o Natal. Eu costumo cumprir os rituais inevitáveis que a época exige, como montar a árvore, comprar presentes e providenciar um jantar especial para receber a família.
Mas, como neste período minha emoção fica sempre à flor da pele, me condiciono a algo mais íntimo: seleciono uma trilha sonora adequada ao meu estado de espírito.
Quando se pensa em música de Natal, muitos recorrem a Assis Valente: “Amanheceu/ o sino gemeu/ e a gente ficou/ feliz a rezar...”. Feliz? “Já faz tempo que eu pedi/ mas o meu Papai Noel não vem/ com certeza já morreu...” Eu era criança e achava desolador que o Papai Noel só estivesse vivo para alguns. Desde então, passei a fazer meu próprio playlist natalino.
Gosto de intensidade sonora, fui criada a guitarra. Ainda que aprecie gêneros mais tranqüilos e sofisticados, não adianta: o rock e o blues sempre falaram mais alto aqui em casa.
Mas assim que entra a contagem regressiva para o Natal, entro em jejum de qualquer batida mais compassada, tiro de cena todos os Stones e seus discípulos, e abaixo o volume. Juro, sumo até com os Beatles, e sou capaz de cometer assassinatos em série quando escuto “So this is Christmas/ and what have you done....” do John Lennon. Massacrante. Quem ainda agüenta?
Retirada a sonzeira, abro espaço para gêneros que casam perfeitamente com o astral do momento. Jazz tradicional ou jazz moderno: por exemplo, não consigo parar de ouvir Amy Winehouse cantando Love is a Losing Game. Minha Assis Valente deste Natal 2008.
E clássicos. Chopin, Schubert, Mozart.
Coral também é uma pedida. Perdi a conta dos Natais em que ouvi um coral do Harlem chamado Mount Moriah e que enchia a casa com o ritmo gospel.
E música lounge, que me transporta para a beira de uma praia paradisíaca.
E música popular brasileira cantada quase em silêncio, com ternura, sem agressividade, letras amorosas, leves, confortantes.
Eu falei em silêncio?
O barulho das folhas ao vento e os passarinhos que acordam sempre mais cedo que nós, isso ainda dá para se ouvir na cidade (quando o pessoal não está buzinando – por que se buzina tanto nos dias que antecedem o Natal?).
Mas pra quem tem a sorte de estar em algum lugar menos concreto, benditas sejam as ondas do mar quebrando na areia, o barulho de alguma cachoeira escondida no meio do mato, o espocar imaginário de cada estrela que vai surgindo no céu – trilha sonora do Natal.
Hoje, o que eu desejo para todos, além de receberem um abraço que não seja protocolar como tantos que se recebem durante o ano, é que a gente escute o Natal. Que o som dessa noite apazigüe a alma, que sinos toquem dentro de nós, que ninguém levante a voz, que tudo seja suave e que o silêncio transmita todos os votos vindos de longe, daqueles que não puderam estar juntos.
Ivete Sangalo? Melhor deixar pro Réveillon.
Para todos aqueles que vem até aqui todos os dias, um Feliz Natal e que o Papai Noel seja generoso com cada um - Entrelacos
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