segunda-feira, 22 de dezembro de 2008



22 de dezembro de 2008
N° 15827 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Idade da inocência

Eles têm a idade da inocência – e isso nunca é mais claro do que numa festa de aniversário.

A aniversariante completa dois anos e seus pequenos amiguinhos têm a mesma idade – talvez um pouco mais. A princesinha os recebe com uma doce alegria que comove – e logo estão todos mergulhados na piscina do terraço, pois é dezembro e há um gosto de verão no ar translúcido.

Mas ninguém é atleta o tempo inteiro. Há pirulitos colados nas vidraças, há DVDs infantis inéditos na TV, há brincadeiras programadas com essa inventividade que as crianças amam e os adultos invejam – a começar pelo pula-pula, que desperta um entusiasmo espontâneo, que é a mais completa e definitiva descrição da infância.

A gente grande fala de futebol, discute política, compara as virtudes e defeitos dos novos modelos de carros.

É uma gente estranha, a gente grande. Ao invés de se atirar na piscina ou capturar um pirulito nas vidraças, se contenta com os frágeis limites da vida real – e isso inclui negócios, trabalho, impostos e outras formas de evasão do lado essencial da aventura de existir.

Já as crianças, não. Não lhes interessam os negócios, o trabalho, os impostos. O que as interessa é o suave pulsar do momento que passa, é o amplo sorriso que se estampa em suas faces, é a mágica ternura que as une e as irmana em uma tarde de sol.

Algum dia, essas crianças crescerão. Algum dia, essas crianças serão gente grande. Algum dia, essas crianças conversarão gravemente sobre futebol, política e modelos de carros.

Algum dia, debaterão compenetradamente, negócios, trabalho e impostos.

Tudo o que lhes desejo é que então lembrem que uma vez foram crianças e que seu era o poder de olhar a vida pelas lentes azuis das águas de uma piscina, numa festa de aniversário quase às vésperas de um dia de Natal.

Ótima segunda-feira e uma excelente semaa, especialmente pra você.

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