quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


CLÓVIS ROSSI

O muro vai cair. Vai?

SÃO PAULO - Andrea Matarazzo, secretário municipal das subprefeituras, escreve a propósito do texto de ontem que reforçava cobrança do arquiteto Jorge Ricca Jr., mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a favor da derrubada do muro que separa o campus da Universidade de São Paulo das pistas da marginal do rio Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo.

Matarazzo concorda com Ricca e comigo: "A retirada dos cartazes fez com que se perceba o horrendo e desnecessário muro que nos encaixota na marginal". Dá uma boa notícia: "Vamos lutar para abri-lo".

Só não entendi bem porque ele acrescenta que aquela região tem "prefeitura própria", o que significa que nem sendo o chefe de todas as subprefeituras ele teria poder para mandar derrubar o muro.

Eis aí um bom motivo para cobranças dos interessados em que a cidade seja não apenas mais limpa, mas também menos feia. Matarazzo estimula a cobrança: "O paulistano tem que brigar, reclamar e pressionar. É a única forma de as coisas acontecerem".

O secretário lista uma série de melhorias que não cabem aqui. Melhorar as coisas é obrigação, e o mero cumprimento da obrigação não entra na minha agenda, como já expliquei mais de uma vez.

O que vale registrar, sim, é a concordância de Matarazzo quanto ao muito que resta a fazer. Diz ele: "Tirando o muro, certamente aparecerão mais coisas a serem melhoradas. Tem muito o que fazer ainda em todos os sentidos e por todos os lados para os quais se olhar".

Sugiro que olhe, por exemplo, para o seguinte comentário do leitor Wilson Ramos: "Na periferia, as placas [de publicidade] escondiam muito bem a falta de acabamento da maior parte dos imóveis. Ninguém tem grana para gastar em arquitetura sem função. Agora, sem as placas, quem financia o embelezamento das fachadas?"

crossi@uol.com.br

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