domingo, 14 de dezembro de 2008


BRUNO YUTAKA SAITO

Sofia Coppola revela talento em drama sobre a juventude

Em sua estréia na direção, filha de Francis Ford aborda irmãs nos anos 70

Em 1999, quando estreou na direção com "As Virgens Suicidas", que tem lançamento em DVD, Sofia Coppola ainda era lembrada apenas como a adolescente nariguda que tivera uma atuação constrangedora em "O Poderoso Chefão 3" (90).

Foi ao entrar em contato com o livro homônimo de Jeffrey Eugenides que Sofia encontrou a maneira de se reinventar como artista. Ela tinha à mão uma trama contemporânea, escrita como se fosse um romance clássico, como explica o making of do DVD.

É fácil, hoje, após a consagração com seus filmes seguintes, os excelentes "Encontros e Desencontros" (03) e "Maria Antonieta" (06), entender as razões pelas quais o livro de Eugenides fascinou a diretora. Sofia começava ali a definir seus temas essenciais, perseguidos e seguidos à risca nessas produções.

Mais do que um cinema de "mulherzinha", ou feminista, como um olhar mais rasteiro poderia sugerir, ela adota visão cúmplice sobre a alienação, carregada de um sentimento de não-pertencimento, algo que extrapola as definições de sexos.

Com "Virgens...", tais sensações vêm em estado bruto, já que o foco é a adolescência. Uma das idéias que resumem o filme está na fala de Cecilia, a irmã mais nova, após tentativa de suicídio. "Você não tem idade para saber o quanto a vida fica difícil", diz o médico, no que ela responde: "Obviamente, doutor, você nunca foi uma garota de 13 anos".

A questão não é entender as razões do que o título do filme entrega -a repressão dos pais não explica o ato das cinco irmãs. Prevalece o inexplicável.

A estrutura escolhida por Sofia garante a magia. A história vem narrada por homens que na época -o longa se passa nos anos 70- eram apenas moleques apaixonados pelo quinteto. Eles relembram garotas que permanecerão para sempre em suas memórias, perfeitas, belas e intocadas.

Sofia parece evocar astros que morreram jovens, como James Dean ou Marilyn Monroe, para vasculhar o voyeurismo e o fetichismo.

Para completar, a trilha do duo francês Air garante o clima onírico, de beleza mórbida, necessário a esse filme que só melhora com o tempo.
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AS VIRGENS SUICIDAS
Direção: Sofia Coppola
Distribuidora: Paramount (à venda exclusivamente nas lojas da rede
2001; site: www.2001video.com.br, por R$ 19,90)
Classificação: não indicado para menores de 16 anos
Avaliação: bom

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