segunda-feira, 22 de dezembro de 2008



22 de dezembro de 2008
N° 15827 - PAULO SANT’ANA


Virada de mesa

Recebo atenciosamente do professor Paulo Flávio Ledur, mestre da “última flor do Lácio, inculta e bela”, um interessante flagrante vocabular da nossa língua: até dia 31 de dezembro, quarta-feira que vem, portanto, vigorará uma palavra incrível: qüinqüelíngüe.

Deve ser a única palavra da língua portuguesa que tem três temas.

Pois dia 1º de janeiro perderá os três temas.

Qüinqüelíngüe quer dizer o que fala ou escreve cinco línguas.

Eu fico atento a esta reforma ortográfica não só porque sempre gostei da expressão idiomática como também porque não trabalho numa fábrica de anzóis ou numa oficina mecânica.

Eu trabalho em jornalismo há muito tempo, ofício que requer o manejo das palavras.

Por isso é que procuro me esmerar no máximo que posso em concordância, acentos, conjugações etc.

E fico então floreando o galo com o professor Ledur, que sabe tudo de gramática.

Aí enfia o bedelho no meu entrevero com o professor um guaipeca que há 40 anos utiliza em seus comentários “interviu” em vez de interveio, falecendo-lhe completamente a autoridade para se meter em briga de cachorro grande.

Era melhor que não tivesse intervindo, ouviu?

Mais uma vez as cúpulas do futebol brasileiro e sul-americano desfavorecem descaradamente a nós, gaúchos, antes, durante e depois das competições.

Quando atingem o Grêmio, eu berro.

Mas agora é o Internacional que é ferrado pela Conmebol, que acabou de lhe negar o direito de disputar a Libertadores do ano que vem.

Mas como? Já não tinha sido comunicado aos jogadores colorados, no vestiário, antes do jogo semifinal com o Boca Juniors, na Bombonera, que o Internacional ingressaria na Libertadores de 2009 se fosse campeão da Sul-Americana?

E os jogadores e dirigentes do Internacional se atiraram à busca do título diante da promessa, garantida pelo Wianey Carlet, de que disputariam a Libertadores.

E agora vem esta virada de mesa, que atinge em cheio os interesses do Internacional?

Sou gremista, mas não concordo. E protesto. Afinal, o Internacional jogou com seus titulares a Copa Sul-Americana. Botou reservas no Brasileirão, de olho na Libertadores.

E a torcida colorada chegou a dar, nas comemorações do título da Sul-Americana, uma importância aos festejos que eles não teriam se se soubesse que o vencedor da Copa não iria para a Libertadores.

E agora, com a taça na mão, que faz o Inter com ela, se os cartolas da Conmebol não o confirmam na Libertadores?

Eu me frustro, porque há muito tempo sonho com uma Libertadores de que participem Grêmio e Internacional, onde poderia haver o Gre-Nal do Milênio. Quebrei-me mais uma vez.

Mas, enfim, vamos para um 2009 interessante para a dupla Gre-Nal, o Internacional vai disputar o bi da Recopa, o bi da Sul-Americana, o Bi de Tudo.

E o Grêmio vai disputar o tri da Libertadores.

Essa é a diferença. Sou gremista, mas entendo que o Internacional merecia disputar a Libertadores do ano que vem.

Foi vitimado por uma quebra de palavra e de compromisso por parte da Conmebol. Não foi desta vez que o Internacional conseguiu disputar mais uma Libertadores.

Mas ainda um dia haverá um Gre-Nal na Libertadores.

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