segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


FERNANDO RODRIGUES

Monotonia micropolítica

BRASÍLIA - Uma certa instabilidade política se repete a cada dois anos por ocasião das eleições para as presidências da Câmara e do Senado -as escolhas serão em 1º de fevereiro, em menos de dois meses.

Desta vez, a disputa interna na micropolítica congressual parece ter atingido um estágio de monotonia nunca visto em décadas. Há uma emulação do que se passou em eleições gerais recentes, realizadas num clima de grande calmaria e normalidade. Era comum ouvir em outubro pessoas não se dando conta de que mais de 5.500 prefeitos estavam sendo eleitos.

Colabora para o marasmo um cenário no qual não há nenhum candidato exótico disposto a fazer oposição ao Planalto. Na Câmara, os dois nomes mais competitivos são Michel Temer (PMDB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). Ambos querem o apoio de Lula e fazem juras de amor ao presidente. Nem pensam em romper com o governo.
No Senado, um candidato já lançado é o petista Tião Viana, do Acre.

O outro deve ser do PMDB, partido mais governista que o PT. Também deve ser relativizado o efeito colateral no caso de o PMDB perder a presidência da Câmara ou a do Senado -ou as duas.

Haverá choro e ranger de dentes. Alguns peemedebistas ameaçarão romper com Lula. Acusarão o Planalto de interferência. Mas é nula a chance de o PMDB entregar seus seis ministérios e virar oposição.

Há ainda a teoria segundo a qual Lula deve arbitrar o processo porque os presidentes da Câmara e do Senado estarão no comando durante a sucessão de 2010. Bobagem. Se o PMDB encaçapar as duas Casas, nada garante seu apoio ao candidato de Lula. Os peemedebistas se movem com o vento. Quem estiver na frente e oferecer mais, leva.

Tudo somado, surgirá muita espuma no Congresso até fevereiro. Muita retórica e pouca conseqüência prática na vida real do país.

frodriguesbsb@uol.com.br

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