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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
arte pedro dreher sobre fotos cp memória
AVANTE, PARA TRÁS
Como é bom errar. Nunca me senti tão feliz pagando um mico. Ao contrário do que eu previ, num momento de desespero e ceticismo, o prefeito José Fogaça anunciou seu veto ao projeto do Pontal do Estaleiro.
Tratei de cumprir o prometido. Desci, enrolado num cobertor, e fiquei 30 segundos pelado na rua. Fogaça mostrou independência, coragem e visão de estadista. A decisão ficará para a população de Porto Alegre.
Confesso que Fogaça me surpreendeu. Tiro o chapéu para ele. Não tenho problema em reconhecer os acertos dos outros, mesmo, ou principalmente, depois de tê-los fustigado com as minhas críticas. Espero que Tite fique no Inter em 2009.
Admito que Fogaça agiu com perfeição pelo interesse da cidade. Ando tão flexível que sou capaz de pedir também a permanência do Edinho no Internacional por mais dez anos.
Na verdade, houve uma articulação engenhosa para ajudar o prefeito a vetar. Os vereadores perceberam que haviam pisado na bola, aprovando de maneira precipitada uma alteração importante numa lei relativa a uma área de proteção permanente, e queriam recuar, mas não podiam dar a impressão de derrota.
Não ficaria bem. Era aquela história de mudança de rumo, dita de muitas formas e por muitos bons frasistas, resumida assim: não tão rápido que pareça fuga nem tão lentamente que pareça medo ou falta de planejamento. Avante, para trás. Nada de anormal.
É isso que se chama costumeiramente de política: a arte de dobrar dando a impressão de seguir em linha reta. Deve ser por isso que se pode considerar a arte política como uma ilusão de ótica ou uma ótica da ilusão racional.
O prefeito, por seu turno, pretendia vetar, mas não queria desmoralizar nem desautorizar os vereadores. Surgiu, então, o plano B, a retirada estratégica, o recuo com cara de avanço: o referendo popular.
Não critico. Elogio. Esse recuo é, de fato, um avanço. Graças a essa saída de emergência, sugerida muitas vezes por adversários do Pontal, todo mundo vai ficar bem na parada.
Fogaça veta sem ferir os brios dos vereadores, que tiveram a grandeza de sugerir ao prefeito essa solução honrosa, há mais tempo (talvez muito tempo) para que a sociedade discuta o projeto, e o povo, soberano, leve e solto, pode decidir.
A governadora Yeda Crusius precisa se espelhar em tão sábia atitude e propor um plebiscito sobre a prorrogação dos pedágios gaúchos.
Como é bom quando os representantes do povo resolvem ouvir as ruas. Fico emocionado com essa sintonia entre representantes e representados. A ordem surge da desordem, a luz vem das trevas e do caos vem a sabedoria. Que lindo! Há quem não goste desse tipo de discurso por achá-lo piegas, pomposo ou meramente retórico.
É gente rude, ou direta, que prefere formular a mesma idéia com termos mais frontais: nada como a pressão e o bafo na nuca para que o gosto pela democracia direta toque os corações mais empedernidos. Logicamente, não posso endossar palavras cruas assim.
Acredito nos processos de amadurecimento. Nunca me passaria pela cabeça a hipótese cínica de que os vereadores, sabendo da inexorabilidade do veto, resolvessem apresentar ao prefeito, por sugestão dele, um mecanismo que salvasse a face de todo mundo.
Eu só penso o melhor. Estou convencido de que cada um pesou, ponderou, refletiu e percebeu que era hora de dar o braço a torcer, o que evitou uma dolorosa queda-de-braço.
juremir@correiodopovo.com.br
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