sábado, 6 de dezembro de 2008



06 de dezembro de 2008
N° 15811 - PAULO SANT’ANA


Assassínio sob encomenda

A cidade ficou chocada ontem com o brutal assassinato do médico oftalmologista Marco Antonio Becker, dirigente do Conselho Regional de Medicina.

A exemplo do que aconteceu dias atrás com aquele advogado e engenheiro que caiu sob as balas de dois motoqueiros na Rua Felipe Neri, tudo indica que se trata de um assassinato sob encomenda.

O assassinato sob encomenda é perverso para a vítima. Porque ela conhece a face do seu desafeto, mas é assassinada por pessoas que não conhece.

A vítima jaz indefesa no assassinato sob encomenda, uma nova modalidade que parece ingressar no nosso meio social.

Foi tal a demonstração de poder dos sicários que assassinaram o Dr. Becker anteontem na Rua Ramiro Barcelos, que eles tiveram o cuidado de ordenar a um zelador de carros que se afastasse do local para agirem livremente.

E desferiram cinco tiros sobre o vidro do carro do Dr. Becker, atingindo-o mortalmente no rosto e no tórax.

Um serviço perfeito e despreocupado com a movimentação do trânsito de pessoas e de carros, um lugar escolhido a dedo, com a Avenida Farrapos oferecida generosamente à fuga dos assassinos, que usaram novamente de uma moto, veículo ideal, pela sua mobilidade, aos homicídios.

Os criadores e defensores do Estatuto do Desarmamento podem agora se debruçar meditativamente sobre sua obra.

São tais as dificuldades criadas para os cidadãos portarem uma arma, que eles se vêem obrigados a andar desarmados, enquanto os ladrões, os bandidos e assassinos portam as armas que bem quiserem.

É uma luta desigual, ainda mais desparelha se torna sob a vigência dessa criminalidade desenfreada.

Planejou-se juridicamente que as vítimas têm de estar desarmadas. E o Estado se mostra impotente para desarmar os bandidos.

É o ambiente ideal para os predadores, nada mais fácil para os que cometem os crimes do que encontrar as vítimas desarmadas.

O Estatuto do Desarmamento é o código das relações entre predadores e presas.

Às presas é impedido portar armas. Aos assassinos torna-se fácil e na maioria das vezes gratuito portar os armamentos mais sofisticados.

Está montado o cenário perfeito para o holocausto.

Só a dois tipos de pessoas é permitido andar armado: os policiais e os bandidos.

Como a estrutura financeira do Estado ruiu, há muito poucos policiais pelas ruas. Evidentemente que a essa realidade tinha de ser adaptada uma outra: a licença para os cidadãos idôneos andarem armados.

Não pode. A regra é eles serem cada vez mais abatidos sem portar armas.

Por isso nunca foi tão fácil matar: os assassinos zombam das penas e sabem que sua ação nas ruas é equiparada à dos leopardos na savana repleta de antílopes. É atacar e matar, basta apenas escolher quem será abatido.

Anteontem o bravo e bem-humorado dirigente sindical, Dr. Marco Antonio Becker, foi o antílope escolhido.

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