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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
05 de dezembro de 2008
N° 15810 - PAULO SANT’ANA
Pressa suspeita
Nesta encrenca dos pedágios, o que não entendo é a pressa em aprovar a prorrogação das concessões, quando elas serão estendidas por mais 15 anos.
Para longos 15 anos de prorrogação, toque de caixa na aprovação. Por que a pressa? Ainda mais que só em 2013 vencerá o atual contrato?
Até agora, ninguém me explicou o mistério dessa pressa. Como alguém já disse, isso cheira mal.
Outra coisa: é fato notório que a cobrança de pedágios no Rio Grande do Sul é amaldiçoada, protestos chovem de todos os lados pelos preços das taxas exigidas.
Paira no ar sempre por parte do usuário uma sensação de que está sendo escorchado.
Não deveria ser assim. O certo é que as pessoas pagassem a taxa de pedágio com o prazer de que estavam sendo objetos de um serviço útil e adequado, que lhes estava livrando de uma estrada esburacada, sem sinalização e com outros defeitos.
Mas, não, as pessoas passam pelas cancelas com sentimento de revolta, achando que estão sendo exploradas e pagando um preço extorsivo.
Isto tem de mudar. Os preços têm de se tornar razoáveis. De forma a que as pessoas se sintam satisfeitas com a cobrança. Convictas de que o serviço é útil e o preço sensato.
É neste exato momento de insatisfação quase geral por parte de quem paga pedágio que o povo é chamado a renovar os contratos de concessão, representado pelos deputados estaduais.
É visível que a outra ponta do contrato, as concessionárias, deseja a prorrogação.
No mínimo, os usuários têm dúvidas quanto ao mérito dessa prorrogação. Temem ficar por mais 15 anos reféns dos concessionários, que cobram preços altos sem darem satisfação sobre seus serviços e sem prestação de contas satisfatória sobre o negócio.
Não poderia ter dúvida nenhuma. Os deputados estaduais tinham de autorizar a prorrogação dos contratos com a concordância cordial dos usuários das estradas pedagiadas.
Mas o que se vê é o açodamento e até uma atitude deplorável das forças governistas, que manifestam pressa em aprovar a prorrogação, sob a alegação de que, se o projeto for demoradamente analisado, acabará sendo desaprovado.
Quer dizer, então, que só com pressa, como enterro de pobre, pode-se chegar à aprovação?
Quer dizer que tem de ser agora ou nunca? Pois o povo gaúcho rejeita essa aprovação afobada.
Tem coelho neste mato. Ainda faltam cinco anos para vencer o contrato e o governo, sem explicar os motivos de tamanha pressa, mudo, silencioso, como um assaltante atrás da árvore armado de arcabuz, quer arrancar do Legislativo, onde tem maioria suspeita, a prorrogação.
Não pode ser assim. Esse contrato de prorrogação só pode ser aprovado se o povo gaúcho estiver bem ciente dos seus termos, da honestidade e equilíbrio social dos seus propósitos.
Não se pode prorrogar uma charada.
E repito: só se pode prorrogar um contato em que os usuários se sintam bem ao pagar as taxas de pedágio, sem a náusea das vítimas, sem a revolta dos espoliados.
Não pode ser celebrada uma prorrogação em que o povo reste com ódio das concessionárias e dos deputados que votarem a favor.
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