Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
05 de dezembro de 2008
N° 15810 - JOSÉ PEDRO GOULART
O crediário
Baixou o Jim Jones no Saramago. Em recente sabatina promovida pela Folha, o escriba decretou que “a humanidade não merece a vida”. E justificou a sentença falando que nunca na história vivemos em paz; e que, ao contrário dos animais, que usam seus instintos de ataque somente para se alimentar, nós matamos por prazer.
Há pouco foi descoberta uma prática entre homossexuais na Califórnia chamada barebang, que é uma roleta russa sexual. E consiste em fazer sexo em grupo sem proteção, sendo que um dos praticantes, cuja identidade é desconhecida do grupo, é portador de HIV. Relatos de participantes dão conta que alguns desses portadores ao serem identificados foram ainda mais solicitados.
Não, eu não trouxe esse exemplo para contribuir com o sentenciamento do Saramago a nosso respeito. Ao contrário. Eu só lembrei disso para mostrar o tipo de flagelo psicológico a que somos submetidos na ânsia de obter prazer a qualquer custo.
Para sobreviver foi preciso aprender a domesticar impulsos. A maioria, ao contrário da rapaziada da Califórnia, se mantém sóbria, mesmo que esse sufoco nos instintos gere um tanto de tédio.
Ouvimos desde cedo que a vida é um presente. E temos que viver sob o peso disso sempre, com o presente sendo cobrado em sucessivas e infindáveis prestações – e ainda por cima vindo sem bula ou manual de explicações.
Estamos diante de tantos enigmas que mal conseguimos suportar. E ainda temos que lidar com a consciência da decrepitude e da morte no final. Mesmo assim, seguimos; inventamos a civilização, a arte, e até alguma idéia de felicidade.
Saramago, porém, levanta o dedo diz que o nosso crediário deveria ser extinto. Normalmente acusações assim, eximem o acusador.
Além disso, carregam um tom místico – ironicamente vindo de quem sempre lutou contra a idéia de um deus que nos “proporcionou” a vida. Tratar a coisa enquanto merecimento é pôr o sentimento de culpa num patamar que um sujeito como o Saramago deveria combater.
Em tempo: o planeta tem sofrido com agressões múltiplas, inclusive já se sabe dos efeitos nocivos dos puns e arrotos das vacas junto à camada de ozônio. Mas até aqui não se tem conhecimento de que as vacas estejam se organizando no sentido de solucionar o problema.
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