04 DE JANEIRO DE 2022
VIDAS SECAS
Estiagem no RS deixa 5,4 mil famílias sem acesso à água
Com 5.475 famílias sem acesso a qualquer fonte de água por causa da estiagem que castiga propriedades rurais no Rio Grande do Sul, autoridades discutiram ontem a adoção de um plano de emergência. No primeiro momento, 80 reservatórios estão sendo distribuídos aos municípios em situação mais severa. Outros tanques semelhantes, cada um com capacidade para armazenar 4,2 mil litros, devem ser adquiridos nos próximos dias.
A prioridade é atender a necessidade de água para consumo humano e animal. Essa foi a principal definição do encontro que reuniu no Palácio Piratini técnicos da Defesa Civil, da Emater e das secretarias estaduais de Obras, da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde.
- São pessoas que não têm água potável para beber. Precisamos socorrê-las o mais rápido possível - afirma o coordenador da Defesa Civil, coronel Júlio César Rocha Lopes.
Durante a reunião, ficou claro para os participantes que o Estado está enfrentando a pior estiagem dos últimos 17 anos. Em 2005, 9,5 milhões de gaúchos sofreram com a escassez de chuva. O campo perdeu 6,3 milhões de toneladas na safra de soja, milho, arroz e feijão, levando 447 municípios - de um total de 497 - a decretar situação de emergência. Agora, 110 municípios decretaram emergência até ontem (leia mais na página 12).
A reportagem obteve fotos de situações registradas pelo Interior nos últimos dias (ver imagens). Conforme dados apresentados pela Emater na reunião, a estiagem já atingiu 6.340 localidades, disseminando prejuízos em 138.854 propriedades rurais, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
Por enquanto, as culturas de milho e soja são as mais atingidas, com 101,4 mil produtores relatando perdas. Além da falta de água, animais são castigados pela fome, uma vez que as pastagens estão morrendo.
- Depois de 2005, este é o ano mais complexo. Lá, uma estiagem emendou na outra, algo que está se repetindo agora. Os dados que apresentamos expressam o tamanho do buraco da seca e não há perspectiva de um volume uniforme de chuva no curto prazo - alerta o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri.
Ações
Na tentativa de mitigar os efeitos da crise climática, a Secretaria da Agricultura deslocou para as regiões mais críticas quatro máquinas de perfuração de poços. Segundo a secretária Silvana Covatti, a partir da próxima semana começam a ser liberados parte dos R$ 201 milhões do programa Avançar destinados à irrigação. Outras ações devem ser discutidas hoje com o governador Eduardo Leite.
Silvana deixou mais cedo a reunião com técnicos do governo para conversar com o secretário de políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos Filho.
- Não para de chegar pedido. Agora que viramos o ano e já temos à disposição o orçamento de 2022, vamos dar início às licitações para contratar empresas de perfuração de poço, construção de açudes ecisternas. A principal preocupação é levar água às pessoas e aos animais. Ao ministério, pedi ampliação do prazo para plantio de soja e renegociação dos financiamentos de custeio e investimento. Na quarta- feira, converso com a ministra Tereza Cristina e, quem sabe, já tenho alguma resposta - disse Silvana.
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