sábado, 22 de janeiro de 2022


22 DE JANEIRO DE 2022
BRUNA LOMBARDI

TECNOLOGIA ESPIRITUAL

Faz um bom tempo que estudo a relação entre tecnologia e espiritualidade, duas fortes matérias deste novo milênio, que trazem esperança de renovação numa realidade de tanta distorção e embrutecimento.

As duas atuam no campo invisível, no fluxo da energia que existe em volta de nós e influencia nossas vidas. A tecnologia é palpável com tudo o que utilizamos no nosso cotidiano, plataformas, aplicativos, redes sociais e essa comunicação parece mais concreta do que a ideia de mindfulness e meditação.

O próprio Vale do Silício, onde bate o coração da tecnologia, teve início justamente no movimento de contracultura dos anos 1960, a new age da busca espiritual. Essa conexão não é uma coincidência, afinal tanto a ideia da realidade virtual como o autoconhecimento espiritual buscam a transformação da experiência humana.

Talvez hoje o aspecto esotérico da tecnologia não pareça tão evidente. Mas, para quem está atento à relação entre esses dois mundos, mesmo que o aspecto de um seja sólido e matemático, enquanto o outro divague em campos energéticos e teorias difusas, ambos buscam a força da menor e mais poderosa partícula do universo: a partícula da criação.

E, curiosamente, a sinergia é forte. Em lugares que são símbolos das ciências exatas e de uma certa rigidez de pensamento como Harvard e o MIT, os cursos mais procurados foram sobre Felicidade, Autoconhecimento e Mindfulness. Parece uma contradição, mas não é.

Na verdade, existe uma simbiose que aumenta exponencialmente pelo mundo.

O ritmo da vida contemporânea nos atropela, a quantidade de informação é arrebatadora e diariamente recebemos uma avalanche de notícias tóxicas. Estamos vivendo um acúmulo do qual não damos conta, estamos sendo constantemente interrompidos por acontecimentos irrelevantes, fragmentados, somos distraídos por uma série de coisas que criam esse desgaste que vai minando o nosso sistema.

Precisamos descobrir e acompanhar a inovação que se acelera num ritmo frenético e inalcançável e quando alcançamos um patamar, ele já mudou, é outro, que se multiplica em outros, plurais e fora do nosso alcance.

Em todas as profissões isso é sentido de alguma forma, nessa corrida alguém nos esmaga ou somos nós que esmagamos alguém. Novos circuitos, rápidos, furiosos e velozes atingem de tal forma o nosso circuito neural que o resultado é perigoso, visível. E nos afeta.

Estamos exaustos. Perdemos a verdadeira conexão com nós mesmos e com os outros. Confundimos valores, princípios, ética e bom senso. Podemos nos perder, ficar à deriva. Assim se alimentam os canais do medo, da ansiedade, do excesso. Caminhamos na vereda estreita e escura que pode nos levar à depressão, ao burnout. Queremos sair desse trajeto e não encontramos o atalho.

Nessa inquietação, o que pode nos salvar é redescobrir nossa respiração, nosso ritmo interior e nossa paz de espírito. Ressignificar o afeto, a fé, o profundo amor que carregamos. Unir tecnologia e espiritualidade para saber quem somos e como transformar o mundo em que vivemos.

BRUNA LOMBARDI

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