sábado, 15 de janeiro de 2022

15 DE JANEIRO DE 2022
OBITUÁRIO

Brasil perde o poeta Thiago de Mello Paulo Knapp

O psiquiatra gaúcho Werner Paulo Knapp morreu na segunda- feira, aos 66 anos, em Porto Alegre, em decorrência de um câncer. Reconhecido em todo o país, era um expoente e pioneiro da técnica da terapia cognitivo- comportamental no Brasil, difundida aqui graças ao seu trabalho.

Formado em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas, realizou seus estudos em psiquiatria na Associação Encarnación Blaya, Clínica Pinel (1981-1983), em Porto Alegre. No início da carreira, interessou-se pelo tema da dependência química, tendo feito uma especialização no Canadá. No Brasil, trabalhou na área e publicou, em 1994, conjuntamente com José Manuel Bertolote, o livro Prevenção de Recaída: um Manual para as Pessoas com Problemas pelo Uso do Álcool e de Drogas.

Entre 1994 e 1995, foi estudar a terapia cognitivo-comportamental (TCC) com o criador da técnica, Aaron Beck, no Instituto que leva seu nome, na Filadélfia. Depois, Knapp foi um dos protagonistas na vinda do Instituto Beck para ministrar o treinamento em TCC em Porto Alegre e em São Paulo, as únicas experiências deste Instituto fora de Filadélfia.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Knapp fez seu mestrado e doutorado. Suas pesquisas resultaram em livros- manuais sobre a TCC, entre eles Terapia Cognitvo-Comportamental no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (2002) e Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica (2004).

O psiquiatra era casado com Maria Olívia Girardello, a Uli para todos que a conhecem. Desta união, nasceu seu único filho, Pedro. Luiza e Ana Girardello Sirotsky, filhas de um primeiro casamento de Uli, completam o núcleo familiar.

O poeta e tradutor Thiago de Mello morreu na madrugada de sexta-feira, aos 95 anos, em sua casa, em Manaus, de causas naturais.

Reconhecido como um dos grandes autores da literatura regional, ele alcançou fama internacional graças a poemas como o clássico Os Estatutos do Homem, escrito em abril de 1964, quando Thiago de Mello era adido cultural da embaixada do Brasil no Chile e amigo de Pablo Neruda.

Nascido no interior do Amazonas, na cidade de Barreirinhas, Mello era conhecido como Poeta da Floresta e teve suas obras traduzidas para mais de 30 idiomas.

O interesse pela natureza sempre norteou a carreira dele, que largou a faculdade de Medicina para seguir a literatura e lançar, aos 25 anos, seu primeiro livro de poemas, Silêncio e Palavras. Publicou diversas obras até ser exilado em 1964, quando esteve na Argentina, em Portugal, na França, na Alemanha e no Chile. Retornou ao Brasil em 1978, quando seu nome já era conhecido internacionalmente.

A potência de seus versos, especialmente os que pregavam contra a violência e a opressão, conquistou muitos adeptos, a partir da década de 1970, no meio estudantil e entre grupos de opositores ao regime militar. Entre os mais admirados, está Os Estatutos do Homem, que se inicia com os seguintes versos em seu artigo I: "Fica decretado que agora vale a verdade / Que agora vale a vida / e que de mãos dadas / trabalharemos todos/ pela vida verdadeira".

Premiações

Em 1997 e em 2000, foi reconhecido com o Prêmio Jabuti pelas obras De Uma Vez por Todas e Campos dos Milagres. Em 2018, recebeu do Jabuti o troféu Personalidade Literária, em reconhecimento ao conjunto de sua obra.

No ano passado, foi homenageado pela 34a Bienal de São Paulo. O verso "Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar", retirado do poema Madrugada Camponesa, foi o tema da edição.

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