terça-feira, 4 de janeiro de 2022


04 DE JANEIRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

MATURIDADE E DESAFIOS NA TI

Duas pesquisas recentes realizadas por organizações reconhecidas atestam a consolidação do Rio Grande do Sul como quinto polo tecnológico do país, ao mesmo tempo em que indicam os desafios do Estado para continuar evoluindo como protagonista da chamada nova economia. Apresentada em dezembro do ano passado pelo Instituto Caldeira e pela plataforma de inovação Distrito, a RS Tech: uma Fotografia do Ecossistema de Inovação no Rio Grande do Sul mostrou que mesmo durante os últimos dois anos de pandemia o número de startups saltou de 422 em 2019 para 661 em 2021. Mais amplo, estudo divulgado na última semana pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) registra a abertura de 7,9 mil empresas ligadas à tecnologia da informação no Estado nos últimos três anos.

A vocação dos rio-grandenses para o empreendedorismo impulsiona este saudável movimento, mas os avanços registrados nos últimos meses se devem a um conjunto de medidas práticas que envolvem lideranças empresariais, poder público e universidades. Embora o Estado seja berço da primeira incubadora de TI do país, criada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul há 25 anos, quando sequer existiam parques tecnológicos em outros Estados da federação, pode-se caracterizar como ponto de inflexão do atual boom a criação em 2018 do Pacto Alegre - acordo firmado entre empresas, governos, universidades e sociedade civil para transformar a Capital em centro de inovação. Atualmente, com mais de 400 startups, hubs e parques tecnológicos, Porto Alegre entra no ano de seu 250º aniversário como uma metrópole tecnológica. Tanto que conquistou o direito de sediar, pela primeira vez na América Latina, a South Summit - uma das maiores feiras de inovação do mundo.

Para alcançar este patamar, a cidade e o Estado removeram obstáculos que entravavam o futuro. Em âmbito estadual, a criação do Conselho de Desburocratização e Empreendedorismo (Cede) e o projeto Descomplica RS, que facilita a abertura e o funcionamento de novos empreendimentos, foram fatores decisivos para o destravamento. No município, a regulamentação da Lei de Liberdade Econômica e o Programa Creative, com redução de tributos para empresas de base tecnológica, também estimularam os empreendimentos inovadores.

Nem tudo são flores, porém, neste mundo novo dos algoritmos e da inteligência artificial. Se é verdade que as empresas especializadas em tecnologia deram exemplo de resiliência durante a crise econômica agravada pela pandemia, algumas sendo inclusive mais demandadas devido à popularização do home office e da comunicação digital, também ficou visível a carência de profissionais preparados para os postos da nova economia. O desafio do momento, portanto, é a capacitação de pessoas e a valorização dos trabalhadores, de modo a garantir o crescimento constante do polo gaúcho e evitar a evasão de talentos para outros centros que também investem fortemente em tecnologia. Como bem comparou o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no RS (Assespro-RS), Julio Ferst, a falta de pessoas na área digital equivale à falta de água na área agrícola.

OPINIÃO DA RBS

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