sexta-feira, 14 de janeiro de 2022


14 DE JANEIRO DE 2022
ARTIGOS

OS FREIOS E A ESCASSEZ

Fernanda De Gasperin - Associada do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

Já parou para pensar que vivemos uma vida muito mais confortável do que a de um rei na Idade Média? É nítido que, de milhares de anos para cá, mudanças significativas aconteceram. Mas nem precisamos ir tão longe para perceber isso. Hoje, uma pessoa no Quênia com um smartphone em mãos acessa mais informações do que o presidente Bill Clinton acessava quando governou os Estados Unidos na década de 1990.

Isso porque hoje temos abundância de opções, escolhas e possibilidades. Enquanto um rei, mesmo com sua fortuna, ouvia música algumas poucas vezes em toda a vida, hoje temos milhares delas na palma da mão. E, se não quisermos perder de vista o contexto, basta lembrar dos anos 1990, quando um CD nos permitia ouvir menos de 20 músicas de um só artista.

Para chegar a esse estágio, padrões foram quebrados, regras foram deixadas de lado e, sem pedir licença, essas inovações transformaram nossos dias. Os avanços tecnológicos derrubaram barreiras e transformaram o que era escasso em acessível. Se streamings de música tivessem respeitado os direitos autorais, ainda viveríamos na era do CD, ou do LP. Viver à sombra de diretrizes ultrapassadas freia novas ideias e novas soluções. Dificultar avanços vai contra uma população inteira.

Recentemente, o aplicativo de entrega de comida Uber Eats anunciou que suspenderá a atuação em restaurantes no Brasil, o que tem sido relacionado à aprovação de uma lei que burocratiza ainda mais o serviço. Esse é apenas um grande caso que tomou conta das mídias; outros exemplos não faltam.

Quantos outros negócios deixaram de ser criados em virtude de burocracias muitas vezes sem sentido? Tantas outras soluções poderíamos ter no dia a dia, tantos outros empregos poderiam ser gerados. A inovação não pede licença, pede desculpas por onde passa. Mas não custaria nada deixarmos o caminho aberto para ela passar. 

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