segunda-feira, 31 de janeiro de 2022


Os motivos que me levaram ao afastamento

Tudo começou com uma vertigem que não melhorava de jeito nenhum

31/01/2022 - 04h00min - Atualizada em 31/01/2022 - 10h43min

DANIEL SCOLA

Há algum tempo, venho pensando em escrever este texto para contar o que tem acontecido comigo nos últimos meses. Ouvintes da Rádio Gaúcha e leitores de GZH e Zero Hora têm perguntado por que me afastei de minhas atividades.

Em julho de 2021, descobri um câncer no cerebelo. Ainda naquele mês, precisei passar por uma operação de retirada deste tumor. O procedimento acabou mexendo com meu equilíbrio, o que é normal. Fiz a cirurgia, passei por 30 sessões de radioterapia e, agora, estou no terceiro ciclo de quimioterapia.

Antes, porém, convém eu contar como tudo começou. Em junho, eu vinha tratando uma vertigem, mais precisamente uma VPPB, vertigem posicional, que deveria ser corrigida com manobras no meu cérebro. Deveria, mas eu não melhorava de jeito nenhum. Em resumo: não havia como eu ficar em pé sem me apoiar.

O otorrino que me trata, Dr. Otávio Piltcher, pediu uma ressonância da cabeça, para tirar todas as dúvidas. Na ressonância, apareceu o tumor, bem no meio do cerebelo, órgão que fica logo abaixo do cérebro. O Dr. Otávio ligou no mesmo dia para dar a notícia ruim, alertado pelos médicos que fizeram o laudo. Ao telefone, enquanto conversávamos, uma sensação de frio corria pela minha espinha. Era uma vertigem e, agora, um câncer? Sim! Pode acontecer com qualquer um.

Vinte dias depois, eu estava na mesa de cirurgia do médico Arthur Pereira Filho, um cirurgião de mão cheia, que comandou uma operação elogiada até por especialistas de fora do país. Além dele, me atendem exemplarmente os médicos André Fay, Daniella Barletta, Luiz Antonio Nasi e Marcio Doernte - o homem que não dorme.

Na entrada do Centro de Oncologia Lydia Wong Ling, no Hospital Moinhos de Vento, tem um cartaz que diz assim: “Não se combate o câncer sozinho”. É a maior verdade sobre essa luta. Então, agradeço demais à minha empresa, a RBS, que sempre esteve ao meu lado. Quem nunca desgruda do meu pé é minha esposa, Gabriella, que me leva em todas as visitas ao hospital. Trabalho com profissionais e a eles sou muito grato. Encontrei vários pelo caminho.

Desejo que 2022 seja o ano da saúde, que eu possa andar de bicicleta com minhas filhas, dirigir para levá-las à escola, digitar este texto mais rapidamente. E Deus sabe lá mais o quê.

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