quarta-feira, 19 de janeiro de 2022


19 DE JANEIRO DE 2022
+ ECONOMIA

"Carro popular é coisa do passado"

Depois de leve avanço de 3,6% nas vendas de veículos no país em 2021 - no Rio Grande do Sul, houve queda de 3% -, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta reação neste ano, alta de 8,5%.

- Se não resolver o problema da reforma tributária, trava o país de vez, e não só no setor automotivo, mas toda a economia. É um ano eleitoral, esperamos volatilidade, mas não muito maior do que atual - disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.

Apesar da descrença geral sobre o avanço de uma reforma polêmica como a tributária em ano eleitoral, Moraes sustenta que deveria ser um ano de trabalho normal no Congresso. A Anfavea vê necessidade de fazer frente ao que chama de "sequelas da pandemia": inflação e juro altos, "bagunça" no sistema global de produção e na logística.

- Ainda não temos estatística, mas a Ômicron afeta a produção, porque desacelera o ritmo, com pessoas contagiadas que faltam ao trabalho. O absenteísmo aumentou, nas fábricas e nos fornecedores, do Brasil e lá de fora. É uma dificuldade adicional sobre a qual ainda não temos dimensão - afirma.

No final de 2021, anúncios de encerramento da produção de modelos básicos como Gol (foto) e Fiat Uno projetaram o fim dos carros populares. Moraes confirmou a tendência, argumentando que decorre de demanda do consumidor por conectividade e novas tecnologias:

- Carro popular é coisa do passado.

O presidente da Anfavea disse que a pandemia trouxe muitos aprendizados, inclusive a se comunicar melhor com os funcionários e como atender os clientes de forma mais eficiente. Uma das mais lições mais importantes está levando à ação:

- Estamos trabalhando para ver como se pode atrair esse segmento de semicondutores para o Brasil. Neste ano, o tema ainda vai ser desafiador, talvez em proporção menor do que em 2021, mas ainda um desafio.

Afirmou ainda que as montadoras estão fazendo um "trabalho enorme" de negociação com sistemistas ou com fábricas de chips. Lembrou que existem modelos de veículos que exigem até 2 mil circuitos integrados, usados em sistemas de eficiência energética a segurança veicular.

- É um desafio contínuo, para toda a indústria de transformação e especialmente para o setor automotivo. A Ômicron é menos letal, mas muito mais contagiosa, o que afeta o sistema de produção no mundo. Nossa previsão não inclui esse eventual impacto adicional. Esperamos que seja um pico, volte e se estabilize, se não em janeiro, ao longo do ano.

MARTA SFREDO

Nenhum comentário: