12 DE JANEIRO DE 2022
DIÁRIOS DO MUNDO
A vida de quem não se vacina vai ficar difícil
Excetuando-se aberrações, como a "autorização especial" para o antivacina número 1 do mundo, Novak Djokovic, participar do Aberto da Austrália, mesmo sem ter se imunizado - o que contraria regras do próprio país -, de forma geral, a vida está se tornando, a cada dia, mais difícil para quem não se vacina.
Finalmente, uma maioria imunizada está se dando conta dos estragos que uma minoria resistente pode provocar ao mundo: da sobrecarga do sistema de saúde e da paralisação de setores econômicos até a abertura de flancos para novas variantes e, ato contínuo, o adiamento do fim da pandemia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, foi pouco gentil nas palavras, mas vocalizou o que muitos têm vontade de dizer:
- Os não vacinados, tenho muita vontade de incomodá-los - disse o presidente, empregando o verbo "emmerder".
Na maioria dos jornais brasileiros, o termo foi traduzido como "encher o saco", "incomodar" ou "infernizar". Mas "emmerder" é exatamente isso o que você pensou, mesmo não falando francês. Ok, a entrevista ao Le Parisien gerou críticas - pela posição política e pelo termo chulo empregado pelo chefe de Estado -, mas o fato é que a maioria dos franceses, como, da humanidade, está cansada da pandemia. Disse ainda Macron:
- Não vou prendê-los ou vaciná-los à força. Mas, a partir de 15 de janeiro, não vão mais poder ir ao restaurante, ao teatro, ao cinema.
É isso, Macron tocou no âmago da sociedade francesa. Quem não se vacinar, segundo a medida aprovada pela Assembleia Nacional, não poderá sentar-se em um simples bistrô parisiense, optar por um "platus du jour", sem ter se vacinado. Nem uma tacinha de vinho sequer será possível no Quartier Latin ou em Sain-Germain-des-Prés.
Os franceses precisam, há meses, mostrar que estão vacinados ou apresentar teste negativo para covid-19 para entrar em locais como restaurantes, cafés, cinemas e trens. Mas, com a disparada de infecções pela variante Ômicron, o governo decidiu invalidar a opção de testes negativos no novo projeto.
Será só com vacina!
O cerco aos não vacinados está se fechando não apenas na França. A Itália tornou a vacinação obrigatória para todos com idade igual ou superior a 50 anos. A partir do próximo dia 1º, quem não tiver com as vacinas em dia estará sujeito a multas. Trabalhadores que não comprovarem que se vacinaram poderão ser suspensos. A falta do passe verde barra também viagens de trem, ônibus e avião.
A Áustria também tornará a vacinação obrigatória a partir de fevereiro. E a Grécia estabeleceu multa de 100 euros por mês para pessoas com mais de 60 anos que não se vacinarem até 15 de janeiro. A Alemanha deve seguir nesse rumo.
Os países nórdicos tentam ser mais suaves. A Suécia não planeja impor obrigatoriedade, mas adotou passe para entrada em eventos fechados com mais de cem pessoas, e a Dinamarca diz que a decisão deve ser individual, mas exige certificado ou teste negativo para entrar em bares, restaurantes e cinemas. Ou seja, dá no mesmo.
Ninguém é obrigado a nada, mas, se quiser frequentar locais públicos em que a vida de outras pessoas seja colocada em risco, precisa seguir regras. Vida em sociedade é isso!
Embora não obriguem as pessoas a se vacinar (algo que o protoditador Rodrigo Duterte promete fazer nas Filipinas), nações ocidentais tornam a vida dos não vacinados mais difícil. Ou, como diria Macron, em livre apropriação, "emerdem" o modus vivendi dos resistentes.
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