quarta-feira, 26 de janeiro de 2022


26 DE JANEIRO DE 2022
+ ECONOMIA

Entrou água na Corsan BC sem estetoscópio para vida real

Foi uma surpresa para o Banco Central (BC) o desespero por uma fonte inesperada em período de surto inflacionário e escalada no juro. A avalanche de pessoas buscando averiguar no site do BC se havia dinheiro "esquecido" em instituições financeiras foi tal que obrigou a tirar a consulta do ar.

Desde o ano passado autônomo de fato e de direito, o BC enfrenta questionamentos de economistas por ter "piscado" para a inflação. Não é um consenso, mas parte avalia que, se tivesse agido antes e não deixado a Selic em 2% ao ano por tanto tempo, não precisaríamos chegar a quase 12% ainda neste 2022. Esse é um pulso que nenhum BC pode perder, o de seus "clientes" mais imediatos, as instituições financeiras, consultorias, a academia. Mas o incidente de ontem indica que a instituição está sem estetoscópio para a vida real.

Faltou atentar para níveis recordes de inadimplência, inflação muito superior a reajustes salariais, crédito caro e famílias que deixam de pagar a luz para comprar alimentos. Antes de avisar que há R$ 8 bilhões "esquecidos" em contas de banco, o BC deveria ter previsto que provocaria corrida e se preparado.

0,3%

é a nova previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o crescimento do PIB neste ano do Brasil. A anterior era de 1,5%. Como a coluna costuma dizer, o FMI está sempre "atrasado" nas projeções . Na média das cem instituições consultadas pelo Banco Central para o Focus, já havia caído para 0,29% há semanas.

No final da tarde de ontem, a Corsan comunicou oficialmente o adiamento da oferta de ações, prevista para fevereiro. Não há nova data para ser realizada.

Analistas não são unânimes sobre a causa do adiamento. Parte vê como maior problema a impossibilidade de fechar a ancoragem, ou seja, um compromisso de compra mínimo para viabilizar a operação, que envolveria as empresas Aegea e Perfin. Outros atribuem a decisão exatamente a dificuldades institucionais com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até o Tribunal de Contas do Estado (TCE).

No órgão estadual, a decisão mais recente relacionada ao processo de inspeção aberto ainda no ano passado foi uma intimação ao presidente da estatal, Roberto Barbuti, e ao governador Eduardo Leite. A decisão foi publicada na segunda-feira e dá cinco dias para esclarecimentos.

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