31 DE JANEIRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
A AMPLIAÇÃO DA TESTAGEM
Desde o início da pandemia, uma das principais estratégias dos países que melhor se saíram na contenção do novo coronavírus foi a testagem em massa da população. É uma forma lógica de combate à disseminação da enfermidade por contribuir para detectar o mais rápido possível casos, mesmos assintomáticos, confirmar e descartar suspeitas, fazer com que contaminados se isolem e, ao mesmo tempo, rastrear pessoas com quem tiveram contato. A estratégia que se mostrou eficiente para ajudar a diminuir a transmissão da covid-19, no entanto, foi pouquíssimo executada no Brasil, com reduzida quantidade de testes em relação ao número de habitantes.
A explosão da variante Ômicron, com taxas de contágios muito acima das cepas anteriores, fez finalmente o governo despertar e dar um passo no sentido de ampliar, ainda que de maneira insuficiente, a busca por diagnósticos. A aprovação na sexta-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da venda e do uso de autotestes de antígeno para a covid-19, já há muito adotada por outros países, é positiva, apesar de tardia. Promessas de testagem massiva até hoje não se concretizaram e, pior, milhões de kits para aferir a presença do vírus venceram em armazéns sem ser utilizados.
Ampliar o acesso a testes em que o próprio usuário verifica o resultado é neste momento uma importante ferramenta para aliviar a pressão sobre o sistema público e laboratórios, onde a população tem encontrado dificuldade nas últimas semanas devido à escassez de exames. Mesmo assim, a orientação, por enquanto, em casos positivos, é a de procurar unidade de saúde para atendimento profissional e confirmação do resultado.
A situação econômica dos brasileiros, no entanto, faz com que a aquisição dos testes, nas farmácias e em outros estabelecimentos licenciados, seja possível apenas para uma parcela minoritária. Seria conveniente que o governo federal adotasse também uma política de distribuição via Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo elegendo públicos prioritários, para que as autoridades da área consigam ter uma noção um pouco mais precisa do quadro da pandemia para a calibragem de medidas de controle de contágio, se necessário, e planejamento do atendimento na rede hospitalar. Hoje, atestam especialistas, há um voo às cegas e uma brutal subnotificação, que permanecerá caso a política de testagem não seja ampliada.
Aguarda-se agora que os fabricantes de autotestes solicitem o mais rápido possível o registro na Anvisa, para que sejam analisados e, se aprovados, comecem a ser vendidos celeremente à população. A expectativa, no entanto, é de que a comercialização se inicie apenas em março. Mas espera-se também que os produtos cheguem ao mercado a um preço justo, permitindo a um maior número de pessoas o acesso ao diagnóstico rápido.
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