18 DE JANEIRO DE 2022
DIÁRIOS DO MUNDO
Se tudo der certo, não nos veremos em Paris, Djoko
A novela envolvendo o antivacina número 1 do mundo, Novak Djokovic, que foi deportado da Austrália depois de ter seu visto cancelado, não é apenas um papelão. Ídolos lidam com o imaginário de multidões, deveriam ser exemplos para crianças e adolescentes, movimentam milhões em dinheiro de patrocinadores que, cada vez mais, não querem ter suas marcas associadas a ideias tóxicas, ideologias negativistas ou caprichos de quem se acha acima das leis nacionais.
Com relação a ser exemplo, o tenista sérvio há alguns meses deixou de sê-lo, desde que começou a se orgulhar de não ter se vacinado contra a covid-19. Pensou que, por ser o número 1 do mundo no esporte, seria recebido de braços abertos na Austrália, justamente um dos países mais rígidos em relação a regras de circulação na pandemia - e que, por isso, registrou números baixos de mortes em relação a outras nações. Depois de um vaivém burocrático e alguma tentativa de ganhar no grito autorização para entrar em quadra, Djoko foi deportado. Imaginou que voltaria a seu país como injustiçado e que seria ovacionado por seus conterrâneos. Mas teve recepção discreta na Sérvia.
Quanto aos patrocinadores, a Lacoste já sinalizou que está incomodada. Em nota, disse que entrará em contato com Djoko para entender "os eventos que se desenrolaram durante sua presença na Austrália". Peugeot, Hublot e Asics não se manifestaram. Os patrocínios giram em torno de US$ 34 milhões por ano, e, de acordo com a revista Forbes, o tenista foi, em 2021, o 46º atleta mais bem pago do mundo. Esporte sempre esteve associado à saúde. Quem desejará continuar tendo sua marca ao lado de uma personalidade contrária à ciência?
Ao saber que o filho seria deportado da Austrália, o pai de Djoko, Srdan, ironizou:
- Nos vemos em Paris!
Mas a realidade é que, se mantiver essa postura antivacina, Djoko pode acumular portas fechadas a cada torneio de Grand Slam em 2022. Sua próxima derrota, mesmo sem entrar em quadra, deve ser Roland Garros, em maio. Isso porque, no domingo, a Assembleia Nacional (parlamento) da França aprovou o passaporte vacinal, que será exigido em todos os eventos com grande público.
Ontem, a ministra dos Esportes francesa, Roxana Maracineanu, afirmou que não haverá exceção - ou seja, de antemão, avisou que não haverá qualquer "licença especial", como a que Djoko havia obtido na Austrália em um primeiro momento. Do outro lado do Canal da Mancha, no Reino Unido, onde ocorrerá o torneio de Wimbledon, em junho, talvez ele consiga entrar, já que o governo do primeiro-ministro Boris Johnson é mais condescendente com não vacinados - isso se Boris estiver no poder até lá. Mas o fato até agora é o seguinte: se tudo der certo, Djoko, não nos veremos em Paris.
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