sexta-feira, 3 de dezembro de 2021


 
Caminhos para a evolução da sociedade
Cuidar uns dos outros - Um novo contrato social (Editora Intrínseca, 336 páginas, R$ 59,90, tradução de Paula Diniz), da brilhante economista e executiva egípcia Minouche Shafik, que viveu nos Estados Unidos e no Reino Unido, é, sem dúvida, uma ótima apresentação de caminhos para a evolução da sociedade e para superar os grandes desafios do século XXI.
Minouche graduou-se nos Estados Unidos e depois fez pós em Economia no Reino Unido. Diretora da London School of Economics, aos 36 anos, tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente do Banco Mundial e desde então foi secretaria permanente do Departamento para o Desenvolvimento do Reino Unido, vice-diretora do Fundo Monetário Internacional e vice-presidente do Banco da Inglaterra, lidando com problemas políticos do mundo todo.
A pandemia impôs nova organização social e mudanças na educação, saúde e economia. A interdependência entre trabalhadores de todas as classes ficou mais evidente. Com base nesses fatores e em sua vasta experiência, Minouche defende a urgência do estabelecimento de um novo contrato social. Ela ressalta a importância da seguridade social para todos; investimento máximo em capacitação e compartilhamento junto e eficiente dos riscos. Para a economista, a mudança nas tecnologias, os novos modelos de trabalho, o envelhecimento populacional e as alterações climáticas nos desafiam a rever nossos deveres enquanto sociedade.
A economista fala dos estágios da experiência humana - criar filhos, estudar, adoecer, trabalhar, envelhecer e sugere o balanceamento de riscos, o compartilhamento de recursos e o equilíbrio entre o "eu" e o "nós", a busca do equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos. Ela nos conduz a pensar numa renovação esperançosa da sociedade, da política e da economia.
Em síntese, Minouche apresenta novas respostas para perguntas muito antigas e fornece ferramentas para as transformações urgentes e necessárias que nosso mundo está a pedir.

O Buda que ri

Muitas pessoas não têm a menor ideia de quem foi o famoso, lendário e antiquíssimo Buda que ri. Eu tenho uma imagem dele, aqui no meu escritório, perto de mim, que tem uns 30 centímetros de altura e uns 30 e poucos centímetros de circunferência abdominal. Ele tinha um IMC brabo, provavelmente obesidade mórbida, mas parece que não ligava muito para isso e seguiu pela vida sem rumo certo, rindo ou sorrindo, carequinha e sorridente, com seu saco de pano cheio de doces e brinquedos para as crianças, contas no pescoço e uma pena para fazer cosquinhas em si e nos outros, sempre procurando levantar o astral da galera.

Budai, também conhecido como Hotei ou Pu-Tai, foi um monge budista de historicidade duvidosa que é venerado como um deus no budismo chinês e também foi introduzido ao panteão budista japonês. Consta que ele viveu em volta do século X no reino de Wuyue. Seu nome significa literalmente "saco de pano" e sua natureza alegre, personalidade jocosa e estilo de vida excêntrico são incomuns entre os mestres e figuras budistas. Ele também é conhecido como "Buda Gordo", eis que tradicionalmente é retratado como obeso. Como era brincalhão e cômico, não ganhou o Oscar da época e a história o deixou sempre atrás dos mestres sérios, serenos e circunspectos.

Os historiadores parecem não se dar conta que o humor é coisa séria, vital e que rir sempre foi o melhor remédio, além de representar, em muitos casos, a própria sobrevivência em condições altamente adversas, como no caso de alguns povos perseguidos e maltratados. O Buda que ri merece mais respeito e divulgação, e, por isso, este humilde cronista resolveu dar espaço a um mestre que sempre procurou divertir todas as pessoas, fazendo-as rir dele, dos problemas da vida e rir delas mesmas.

Quem não sabe que um dos ápices da saúde mental é quando a pessoa consegue rir das próprias dificuldades e defeitos? Chaplin é um dos melhores exemplos disso e merece ser sempre lembrado, como também o Buda que ri, que atravessou os séculos e o milênio e segue impávido e sorridente.

Num mundo cheio de mau humor, proibições e censuras politicamente (in)corretas, brigas de egos e vaidades que parecem arranhar a superfície da lua, num planeta em que a delicadeza, a graça, a educação, a humildade e o bom senso andam escassos, assim como a harmonia entre as pessoas e os países, a figura do Buda que ri deve ser mais cultuada, não apenas em músicas e produtos como roupas, mas também como exemplo de convívio saudável. Muitos dizem que a vida é um vale de lágrimas, outros dizem que é uma graça triste, outros acham que os seres humanos são um equívoco da natureza e outros acham que os humanos até não são dos piores.

Pessoas são anjos e demônios, do bem e do mal, e tirando a camadinha de verniz delas, aí constatamos definitivamente que são uns bichos vestidos - me desculpem os bichos pela comparação, que provavelmente não merecem.

A propósito...

Primavera terminando, fim de ano chegando, com alegrias e stress natalino e logo depois a chegada de um novo ano, com nossas novas e velhas promessas e nossos desejos de que as coisas e as pessoas evoluam. No novo ano, o Buda que ri estará presente, como sempre esteve, há mais de mil anos. Coloquem ele de costas para a porta, para ajuda no pagamento de dívidas e passe a mão no barrigão dele para ter sorte e saúde. Coloque arroz e moedas em volta dele e, sempre que possível, sorria e ria como ele, que é tão adorado pelas crianças e que segue deixando uma mensagem boa para nós. Ele é muito cultuado no Oriente, mas merece mais destaque no Ocidente. Só não peçam para ele fazer dieta, especialmente na época das delicatessen. Falar em dieta com ele agora seria uma grocery...

Lançamentos

  • Um País Chamado Brasil (Editora Planeta, 352 páginas, R$ 55,00), de Marco Antonio Villa, consagrado historiador, professor universitário e articulista, mostra a história do Brasil desde o descobrimento até 2002, através de uma visão de nossa formação política, econômica e cultural em sua totalidade.
  • O maior motivo do mundo e outras histórias de sim e de não (Editora Physalis, 96 páginas), do premiado escritor Caio Riter, com ilustrações de Eloar Guazzelli, mostra Cauã, perdido na floresta, onde encontra Cadu, apaixonado por sua coleção de carrinhos, Caco e Alberto, um menino diferente. Quatro garotos, quatro histórias.
  • Entregas expressas da Kiki (Editora Estação Liberdade, 240 páginas, R$ 57,00), da premiada escritora japonesa Eiko Kadono, narra a trajetória da simpática e peralta bruxinha que domina apenas uma magia: a de voar usando a vassoura. Com 13 anos, ela sai voando para viver longe da família e ser independente.

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