HOTEL EVEREST
O adeus de um ícone no centro da Capital
Ícone do Centro Histórico e um dos hotéis mais tradicionais de Porto Alegre, o Hotel Everest, na Rua Duque de Caxias, encerrou suas atividades. O local, que tinha interrompido a operação em razão da pandemia de coronavírus, foi isolado com tapumes. A venda do prédio já desperta o interesse de investidores.
Segundo Ana Fett, neta do fundador e administradora do hotel, a decisão foi tomada no começo de julho. Depois de três meses inoperante e sem boas perspectivas para o retorno, a família decidiu demitir os 26 funcionários - outros 21 tinham sido dispensados em março - e fechar as portas de vez.
- É muito difícil, porque você faz mil contas, tenta de todas as maneiras buscar auxílio financeiro. Infelizmente, não veio. A família preferiu tomar a decisão radical e ter um prejuízo menor nesse momento - contou Ana, que assumiu a operação em 2017, depois da morte do irmão, Eduardo Fett.
Fundado em 1964 por Alberto Augusto Fett, o Everest tinha 156 quartos e vista privilegiada da Capital. Localizado no alto do Viaduto Otávio Rocha, tornou-se um dos marcos do Centro, e hospedou personalidades como Leonel Brizola, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Renata Sorrah e José de Abreu. Nas últimas décadas, no entanto, amargava crise, e reduziu a operação para conseguir se manter.
Até março, quando recebeu os últimos hóspedes, o hotel trabalhava com apenas 70 dormitórios. A taxa de ocupação anual ficava em torno dos 40% (no auge do estabelecimento, na década de 1980, a média passava dos 80%).
Antes do encerramento da sede, uma unidade em Ipanema, no Rio de Janeiro, fechou as portas em julho. A mobília e outros objetos do hotel foram vendidos em leilão virtual. Mesmo destino devem ter os itens do prédio da Duque de Caxias.
Mudanças
Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre (SHPOA), Carlos Henrique Schmidt, o fechamento do hotel cinquentário faz parte de processo natural do setor, cujos estabelecimentos costumam encerrar atividades depois de algumas décadas.
- Há hotéis que passam de cem anos, mas não é o normal. O normal é que a cidade vá se modificando e (os prédios) percam o valor - diz Schmidt, que avalia que a pandemia acelerou a crise que já acometia parte desses empreendimentos na Capital.
Pelo menos dois grupos já manifestaram interesse no prédio do Everest, localizado numa das partes mais altas do Centro Histórico. CEO da Infinita Estrutura de Negócios, Diego Antunes diz que visitou o local no fim do ano passado para uma sondagem. Recentemente, a incorporadora adquiriu o prédio do Plazinha, que foi transformado em residencial.
- Foi uma conversa embrionária, porque tem outros interessados. Mas gostaria muito de fazer o Everest. Seria bem legal para a gente, até porque o Plazinha foi um sucesso - diz.
Antes de encerrar as atividades aos 56 anos, o hotel Everest passou por, no mínimo, quatro tentativas de venda. O valor estimado do imóvel é de cerca de R$ 50 milhões. A família proprietária informa que ainda não decidiu o que será feito do prédio.
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