08 DE SETEMBRO DE 2020
ARTIGOS
POLÍTICA NÃO É PROFISSÃO
Com a proximidade das eleições municipais, é importante tecer algumas considerações conceituais sobre as candidaturas apresentadas ao eleitorado. Todos as pessoas têm sua história de vida pessoal e profissional.
Parcela expressiva desses cidadãos candidatos teve sua formação intelectual custeada por dinheiro público em seu Ensino Fundamental, Médio e Superior. Essa formação proporcionou a inserção no mercado de trabalho, no qual desenvolveram suas carreiras. Chega um momento em que, como resultado de suas experiências e conhecimento, se determinam suas profissões. É preciso referir também aquelas profissões desenvolvidas sem formação acadêmica, e que, com toda a dignidade, identificam o papel de cada um na sociedade.
Infelizmente, quando surge a possibilidade de que o cidadão concorra a um cargo eletivo (o chamado político), alguns interpretam isso como sendo uma oportunidade de ascensão profissional. Mas aqui surge a pergunta: ascensão profissional? De qual profissão? Um médico, um engenheiro, um advogado ou um técnico têm sua atividade profissional reconhecida pela sociedade. A atividade política deve ser considerada ato de "doação cívica", ou seja, como a ação de "devolver" à sociedade o conhecimento adquirido, na maioria das vezes custeado com dinheiro público. Portanto, política não pode ser considerada profissão, e sim um retorno pelo qual sociedade clama por seu investimento no indivíduo.
Quando alguém responde à pergunta "qual sua profissão?", a resposta equivocada é: sou político! Fico me perguntando o que isso significa?
Tratar política como profissão significa: aposentadorias especiais, privilégios indefensáveis, remunerações fora da realidade do país e repetições de mandatos sem resultados satisfatórios. Os cidadãos de bem, que batalharam durante suas vidas para progredir profissionalmente e atender aos seus dependentes, infelizmente não colocam seus nomes para concorrer nas eleições. Seguindo essa lógica, continuaremos a ser governados por políticos profissionais cujos resultados todos conhecemos.
Por "dever cívico", analisem as candidaturas propostas e vejam, entre outros fatores, quem quer realmente colocar seu conhecimento para melhorar a sociedade e aqueles que querem "arrumar emprego" para atender a seus anseios pessoais.
FRANCISCO BRAGANÇA, ENGENHEIRO CIVIL, PROFESSOR DA UFRGS COM DOUTORADO EM ENGENHARIA
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