terça-feira, 29 de setembro de 2020


29 DE SETEMBRO DE 2020
DAVID COIMBRA

Surgiu uma rivalidade 

O eixo do debate desta segunda foi o confronto entre Marchezan e uma dobradinha formada por Fortunati e Fernanda Melchionna. Ali houve uma discussão consistente e uma troca amarga de acusações. Foram eles que protagonizaram os momentos mais tensos do programa.

Marchezan e Fortunati levam certa vantagem sobre os demais candidatos porque um é e o outro foi prefeito. Ou seja: eles têm intimidade com a administração, com processos burocráticos, com números e com problemas localizados da cidade. O debate, quando ocorre entre eles, se torna mais sólido e menos subjetivo.

Essa condição, mais a rivalidade que partilham, deve fazer com que eles polarizem a campanha. O que não significa, necessariamente, voto. Não foram poucas as eleições em que dois estão brigando e um terceiro corre por fora, pela suavidade da sombra, e vence. No Rio Grande do Sul, isso é até tradição. Germano Rigotto, Yeda, Sartori e até o atual governador, Eduardo Leite, se beneficiaram dessa aparente falta de exposição.

Faz sentido: se você não é visto, não é criticado. Se você não é criticado, seus defeitos demoram mais a aparecer.

RS fez história nesta segunda

 Em algum lugar do mundo, em alguma eleição, algum dia já foi realizado um debate em formato drive-in, com os candidatos dentro de seus carros?

Duvido. Eu, pelo menos, nunca ouvi falar de algo sequer parecido.

O debate desta segunda-feira entre os candidatos a prefeito de Porto Alegre, transmitido pela Rádio Gaúcha e por GZH, portanto, foi histórico. Se você é gaúcho, pode se orgulhar dessa façanha que certamente servirá de modelo a toda terra.

Mas o melhor é que a forma não prejudicou em nada o conteúdo. O debate foi ótimo, apesar de ser pulverizado entre 13 concorrentes. Eu, pessoalmente, consegui fazer um desbaste de candidaturas. Eliminei uns quantos já no meio do segundo bloco.

Se estivessem todos amontoados no estúdio, talvez não fosse tão bom. Compreensível: quando eles estão frente a frente acabam se interrompendo, falando fora de hora, atrapalhando o raciocínio do outro. O debate presencial fica sujo pela emoção do confronto visual.

Todos os debates poderiam ser assim, cada um no seu compartimento, mesmo quando terminar a pandemia. Seria mais civilizado.

Ou o contrário. Se você gosta de selvageria, vamos juntar todos numa sala e deixá-los lá sem mediação, sem juiz e sem regras. Ninguém é de ninguém. Todo mundo é de todo mundo.

Ou, talvez, façamos uma espécie de Big Brother eleitoral, eles presos numa casa durante dois meses, e o eleitor acompanhando pela TV, enquanto come pipoca no sofá.

Que alianças seriam formadas?

Quem iria para o paredão?

Que casais se homiziariam debaixo do edredom?

Seria a melhor eleição de todos os tempos.

DAVID COIMBRA

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