22 DE SETEMBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
A alternativa de empreender
Os 54,4 mil microempreendedores individuais (MEIs) que surgiram no Estado durante a pandemia são capazes de dar um sopro de vitalidade na combalida economia gaúcha à medida que forem se estabelecendo e criando condições para prosperar. Não se pode negar que uma grande parte teve de se aventurar a abrir um negócio próprio por falta de opção no mercado de trabalho formal, golpeado pela necessidade de paralisar atividades para frear a disseminação do novo coronavírus e, antes, pela estagnação que já rondava o Brasil. Mas, seja por necessidade ou por vislumbrarem uma oportunidade em meio às transformações no cotidiano e na forma de consumir que foram se consolidando nos últimos meses, é fato que crises muitas vezes formam circunstâncias que podem levar a uma nova vida profissional e a um futuro promissor em um outro tipo de ocupação.
A população gaúcha é reconhecidamente empreendedora e, mesmo que a mortalidade de empresas seja considerável no Estado e no país, muitas dessas iniciativas que nasceram no Rio Grande do Sul entre março e agosto, uma marca de 297 MEIs por dia, se devidamente apoiadas e cientes dos desafios e das responsabilidades, podem vir a crescer e um dia também se tornar empregadoras, ajudando a dar um empuxo adicional à economia. Mais cedo ou mais tarde, assim que a pandemia for debelada, indústria, comércio e serviços recuperarão as perdas e voltarão à trajetória de crescimento, possivelmente absorvendo também muitos desses que, por uma razão ou outra, não conseguirem encontrar o sucesso ou a realização como microempreendedores.
Sabe-se que, para um negócio dar certo, não bastam apenas intuição e vontade, embora sejam fatores importantes. É preciso conhecimento do mercado onde se pretende atuar para encontrar espaço ou diferenciação, trabalhar duro, adotar uma boa gestão e responsabilidade para dosar a ousadia necessária com o risco de não dar um passo maior do que as pernas. Por isso, precisam ser amparados.
Reportagem publicada na edição de ontem de Zero Hora, mostrando o crescimento de 9% no número de MEIs criadas no Estado no período analisado em relação ao mesmo intervalo do ano passado, indica que esse auxílio será ainda mais decisivo. Existem no Brasil instituições, como o Sebrae, especializadas em dar apoio a novos empreendedores. São importantes fontes de orientação para o enfrentamento dos muitos desafios que serão encarados por aqueles que buscam se estabelecer com o próprio negócio, ainda mais no Brasil, pródigo em burocracias e entraves de todo tipo à livre-iniciativa. É preciso, portanto, que entidades do gênero, voltadas à capacitação, se aproximem ainda mais desses realizadores para auxiliar na tarefa de fazer com que sobrevivam e se desenvolvam. O incentivo à formalização dos negócios, da mesma forma, é de grande relevância pelo acesso a uma série de benefícios da Previdência Social e a políticas de fomento, enquanto a um custo baixo também elevam a base da arrecadação e fortalecem o tecido econômico.
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