quarta-feira, 16 de setembro de 2020



12 DE SETEMBRO DE 2020
ARTIGOS - Jornalista e escritor

Aula & saúde - 

A grande incógnita e o grande debate que a pandemia nos traz, agora, não é a vacina, mas algo ao alcance da mão que, no entanto, não se resolve em pesquisa de laboratório - quando as crianças devem voltar às aulas?

Essa decisão concentra o núcleo que incide diretamente no controle da covid-19, evitando a propagação e, hoje, põe em confronto governantes e pais de família. A guerra já começou. Governantes lembram que é o poder público que estabelece as regras e formas de ensino e, assim, é quem "manda na escola".

A educação, porém, não se limita à escola. Nasce no lar e desenvolve a criatividade a partir da boa saúde física e mental. A responsabilidade inata pelo ensino não está no poder púbico, mas nos pais ao resguardarem os filhos de doenças e angústias. Em suma e para sintetizar o essencial: qualquer criança pode "perder" o ano letivo, mas não pode se expor a perder a vida devido ao vírus da nova peste, sobre o qual pouco sabemos.

Os ensinamentos se recuperam facilmente, mas a saúde é sempre uma incógnita a enfrentar. No caso atual da covid-19, tudo exige cuidado amplo e profundo. Usamos máscaras para nos proteger do contágio, sem entender que a volta das crianças às salas de aula estabelecerá entre elas um convívio ainda mais afetuoso e próximo do que antes da pandemia. Os reencontros são, sempre, mais efusivos e (após meses de afastamento pessoal) a intimidade dos abraços e das brincadeiras comuns abrirá portas ao contágio.

Pode-se pensar, até, em reabrir as aulas presenciais nas universidades, onde adultos sabem medir riscos e consequências. No Ensino Fundamental, porém, tudo pode levar ao desastre, mesmo com os cuidados sugeridos e que, de fato, são superficiais.

Na celeuma, o Cpers posicionou-se contra a volta às aulas, mostrando conhecer a conduta infantil. Talvez falte aos governantes conhecer o poder destrutivo da nova peste.

Além dos absurdos propiciados pela pandemia, surgem outros inventados na área política. Um remendo a um projeto de lei sobre precatórios, aprovado pelo Congresso, perdoou as dívidas fiscais das igrejas e anulou as multas, num total de quase R$ 1 bilhão.

A emenda (ou remendo) foi apresentada pelo deputado David Soares, do DEM-SP, filho de R.R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, um dos beneficiários do perdão e da anulação, com dívidas de milhões por evasão de "lucros". Instituição religiosa nunca se destinou a lucrar, mas, nas últimas décadas, as chamadas igrejas pentecostais mudaram o rumo.

FLÁVIO TAVARES

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