quarta-feira, 30 de setembro de 2020



30 DE SETEMBRO DE 2020
+ ECONOMIA

Nasce uma gigante nacional da nuvem

 Especializada em produtos de TI para o mercado corporativo e poder público, a gaúcha Teevo se uniu à LGTi Tecnologia, de Ribeirão Preto (SP), para criar a SOU.cloud. A nova operação será 100% focada em tecnologia de nuvem da gigante Microsoft.

Ambas já ofereciam esse serviço, que permite acesso a programas, arquivos e serviços armazenados em sistemas remotos. Juntas, atendem a cerca de 1,2 mil clientes no país, como a rede de varejo Havan e o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Com a união, a SOU.cloud vai centralizar os serviços antes oferecidos pelas empresas separadamente. A sede fiscal será em Ribeirão Preto.

- Atuamos nesse mercado há tempo. Percebemos que a nuvem cresceu mais nos últimos três anos. No final de 2019, surgiu a ideia de criar uma empresa especializada. Como tínhamos relação próxima com a LGTi, investimos juntas - explicou Fábio Junges, CEO da Teevo.

Negociada antes da pandemia, a SOU.cloud teve parte da construção sob o distanciamento social.

- Usamos só ferramentas digitais, fizemos muitas reuniões online. Somos um bom case (risos), conseguimos abrir uma empresa nova dessa forma.

pontos é o resultado do Índice de Confiança de Serviços da FGV em setembro. Avançou 2,9 pontos, na quinta alta seguida, mas desacelera desde julho, após alta de 11,2 em junho.

ENTREVISTA: CARLOS KAWALL Economista-chefe do ASA Investments

Ex-secretário do Tesouro Nacional e diretor de pesquisa econômica do ASA Investments, Carlos Kawall afirma que o uso de precatórios para financiar o programa Renda Cidadã pode, sim, ser chamado de pedalada, mas também de calote e até sequestro. Avalia que a melhor solução seria a retirada da proposta por parte do governo, mas se isso não ocorrer, haverá dificuldade de aprovação no Congresso e, em caso de surpresa no Parlamento, será brecado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O financiamento da Renda Cidadã é uma pedalada?

Sim, mas é quase um eufemismo. A pedalada ocorre quando se transfere uma despesa obrigatória para o exercício seguinte. No impeachment de Dilma, virou rótulo para várias irregularidades que redundaram em crime de responsabilidade. Mas agora vai um pouco além. É o descumprimento de uma decisão judicial transitada em julgado.

Faz sentido o governo dizer que segue Estados e municípios, ao limitar o pagamento a 2% da despesa corrente líquida?

De jeito nenhum. Nos Estados, virou uma dívida que nunca é paga. Em 2009, foi aprovada a emenda constitucional 62, dando prazo a Estados e municípios. Como se estendeu demais, o STF considerou essa emenda inconstitucional em 2013, por ferir cláusulas pétreas, incluindo o descumprimento de decisões de outro poder. Nas notas que encontramos da decisão do STF, os ministros acharam adequado chamar a 62 de "emenda do calote". Então, quem diz que é calote está bem acompanhado no lado jurídico.

Há outra solução?

Como o líder do governo disse que não é calote, porque um dia vai devolver, pode-se comparar ao sequestro da poupança no governo Collor. É um sequestro do precatório. Grande parte dos precatórios vem do INSS, de aposentados, pensionistas. Em vez de buscar o ajuste por meio da redução real da despesa, o governo investe contra um grupo difuso de cidadãos. Deveria enfrentar o corporativismo aprovando a PEC Emergencial ou a do Pacto Federativo, que permitem redução de jornada dos funcionários públicos. A reforma administrativa para os atuais servidores tem bastante apoio no Congresso. Deveria eliminar as férias de dois meses do Poder Judiciário, evitar que servidores ganhem acima do teto com penduricalhos, aumentos de salários retroativos.

Há sustentação legal?

Aparentemente carece de base jurídica. A comparação com os Estados é completamente inadequada. O governo federal quer adotar como paradigma entes da federação em situação falimentar. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que ainda está vigente, reza que quando se cria um programa ou gasto permanente, é preciso ter redução permanente de gasto e/ou aumento permanente de impostos. Essa medida tenta burlar o teto de gastos, não cumpre o que a LRF exige. Como essa redução de gastos não vai ocorrer lá na frente, configura calote puro e simples.

O Renda Cidadã é problema?

É meritório criar um programa de renda básica que de fato chegue aos mais pobres. Mas como foi concebida, a medida é indefensável. Do ponto de vista de responsabilidade fiscal, abre um precedente extremamente perigoso. Equivale a reconhecer dívida e dizer que não vai pagar. É quase inacreditável que alguém leve esse tipo de argumento para debate. Causa indignação. Se enviar ao Congresso, enfrentará resistência. Se o Congresso aprovar, vai ser derrubada no Supremo. Denota viés marcadamente populista do governo, que parece ter gostado do aumento de popularidade gerado pelo gasto emergencial.

MARTA SFREDO

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