21 DE SETEMBRO DE 2020
QUEIMADAS
No Pantanal, senadores dizem que cenário é devastador
Parlamentares que integram a comissão temporária externa do Senado criada para acompanhar as ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal realizaram no sábado visita a Mato Grosso, Estado que abriga parte do bioma. O grupo saiu de Cuiabá (MT) para Poconé, em um espaço de acolhimento de animais atingidos pelo fogo, na Rodovia Transpantaneira. Lá, percorreram cerca de 40 quilômetros da região afetada pelas queimadas. O grupo se reuniu com representantes de proprietários de fazendas e pousadas, de organizações não-governamentais (ONGs) e cientistas.
O presidente da comissão, senador Wellington Fagundes (PL- MT), classificou como "devastador e desolador" o cenário visto pelo grupo frente à destruição da fauna e da flora pantaneira.
- Hoje, a situação do Pantanal é um estado de guerra. Brigadistas e voluntários estão trabalhando de forma sobre-humana por causa da falta de planejamento - afirmou Fagundes, atribuindo o problema das queimadas à ausência de preparação do governo federal.
Paralelamente à diligência, outro grupo de senadores que integram a comissão fez reunião remota para discutir a situação.
- O meio ambiente grita por socorro. Estamos indignados de estarmos vivendo este momento sem suporte necessário para a prevenção - disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
A comissão criada na semana passada vai enviar convites para que os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) participem de audiência pública no colegiado para tratar do tema. A ideia é que sejam ouvidos, na mesma mesa, o homem pantaneiro, um representante da comunidade indígena, ambientalistas e representantes do agronegócio.
No sábado, por meio de postagem em rede social, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o governo do presidente Jair Bolsonaro "não compactua com ilegalidades e manterá esforços constantes no sentido de que criminosos ambientais sejam enfrentados de acordo com a lei".
Na avaliação de especialistas, o ritmo das ações do governo federal para conter os incêndios indica demora e uma oferta de recursos e infraestrutura incompatíveis com o tamanho da devastação. Organizações não governamentais e voluntários agem para frear o avanço do fogo na região.
Descompasso
No Parque Estadual Encontro das Águas, que abriga grande concentração de onças- pintadas, por exemplo, a destruição alcançou 85% dos cerca de 108 mil hectares, segundo cálculos do Instituto Centro de Vida, que monitora queimadas no país.
O descompasso entre Brasília e o fogo estava evidente há semanas para ONGs, especialistas e voluntários. Professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Thadeu Sobral avalia que parcela importante do trabalho de contenção não foi assumida pelo poder público:
- O que a gente sente é que quem toma a liderança dessas questões são o terceiro setor e as universidades. Temos vários amigos na linha frente de combate ao fogo. Precisamos entender o que ele está causando na biodiversidade e não temos visto os governantes sentados para conversar.
Hoje, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, está marcada audiência pública para debater o funcionamento do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, a alocação de seus recursos e a situação das políticas públicas em matéria ambiental no Brasil.
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