segunda-feira, 8 de dezembro de 2008



OS PIORES DO ANO

Foi dada a largada. Todo mundo já está fazendo listas de melhores de ano. Eu não. Sou do contra. Prefiro listar os piores do ano.

É jogo duro. São muitos os candidatos. Em todo caso, em décimo lugar aparece a Seleção Brasileira do gaúcho Dunga.

Apesar de figurar em segundo lugar nas eliminatórias para a Copa do Mundo, o time da amarelinha mais amarelou do que dourou. Desse jeito, vai superar a era Parreira e ganhar a próxima Copa sem nenhuma apresentação convincente. Em nono lugar, figura o jornalismo cultural brasileiro, em especial o praticado por Veja,

O Globo, Jornal do Brasil, Estado de S. Paulo e Época. Nunca, o provincianismo e o compadrismo foram tão longe. A idiotice deslumbrada atingiu o ponto culminante com a divulgação de uma pesquisa dando Britney Spears como a mulher mais influente do mundo.

Veja bateu seu recorde de jequice, só para atacar o petismo federal, com oito páginas para o livro de Larry Rohter, 'Deu no New York Times', um amontoado de reportagens clichês e babacas sobre o Brasil e suas eternas contradições.

O Rio Grande do Sul não poderia ficar de fora de uma lista tão digna. O oitavo lugar vai para o nepotismo em nossos 'poderes constituídos'.

O sétimo lugar fica com os 20 vereadores que aprovaram a lei dos espigões, entregando parte da orla do Guaíba para a especulação imobiliária. Somos originais e flexíveis. Primeiro fazemos os negócios. Depois, se necessário, mudamos as leis para que elas não atrapalhem a marcha do progresso.

Nesse sentido, o Brasil não fica atrás. O sexto lugar vai para Lula pela mudança na lei para permitir a fusão Oi/Telemar, caracterizada pelo colunista Jânio de Freitas como a 'transação mais inescrupulosa de todas'.

O quinto lugar volta ao Rio Grande do Sul. Vai para a secretária da Educação Marisa Abreu por se recusar a aceitar como salário inicial o piso de R$ 950,00 fixado por lei federal.

Para ela, piso deve ser teto. E pela façanha perversa de ter cortado metade do miserável salário dos professores que fizeram greve contra a sua truculenta tentativa de manter o Rio Grande do Sul fora da lei.

Uma lista de piores deve ter muita cultura. Cabe ao cinema um lugar de honra. O cinema brasileiro é especializado no pior. Mas o de Hollywood consegue o pior e o melhor ao mesmo tempo. 'Batman, o Cavaleiro das Trevas' fica com quarto lugar.

Até quando esse besteirol infantil vai se repetir como novidade? O terceiro lugar é Eduardo Galeano pela sua capacidade estratosférica, comprovada em 'Espelhos, uma História quase Universal', de ser rasteiro.

O segundo lugar é de Adriana Calcanhoto pela sua neutralidade espetacular: fazer um show que, mesmo não sendo tecnicamente ruim, não pode ser chamado rigorosamente de epidermicamente bom. Embala até dormir.

O primeiríssimo lugar vai para 'O Mago', biografia picareta de Paulo Coelho feita por Fernando Moraes.

Como um bom gigolô de celebridades, sempre colado a algum valor de mercado seguro, Moraes conseguiu mesclar oportunismo, bajulação, hagiografia, promoção e autopromoção num grau raramente visto.

Meu nome foi citado nesse tijolo indigesto entre os primeiros críticos de Paulo Coelho.

Parece que vai desaparecer das novas edições internacionais como represália às minhas observações deselegantes sobre tão 'esmerado' trabalho. Moraes merece o troféu Picareta de Diamante de 2008. O pior de todos, fora da lista por pudor, sou eu mesmo.

juremir@correiodopovo.com.br

Nenhum comentário: