sábado, 13 de dezembro de 2008



14 de dezembro de 2008
N° 15819 - MARTHA MEDEIROS


A volta triunfal das samambaias

Hoje ninguém mais quer sair da casa dos pais. Adolescentes se tornam adultos, ganham um ótimo salário e seguem entrincheirados no doce lar em que foram criados, desfrutando das vantagens de se ter comida, roupa lavada e liberdade para ir e vir. No meu tempo não era assim.

Aos 16 anos já estávamos sonhando em ter nosso cantinho, aos 18 já estávamos trabalhando, aos 20 já estávamos alugando um apê minúsculo com algum colega de faculdade. Bom, estou generalizando, cada um teve uma saída a seu modo.

A minha aconteceu por volta dos 23 anos, quando só então consegui bancar minhas despesas. Fui morar sozinha num apartamento de um dormitório e mal podia conter minha satisfação: finalmente, teria minha própria samambaia.

Naquela época, ter uma samambaia era tão essencial quanto ter um fogão ou um chuveiro. A samambaia era o toque de natureza de qualquer casa ou apartamento, não importava a classe social. Todos tinham ao menos uma, bem verdinha, pendurada no teto ou em cima de um móvel (mas pendurada no teto era mais legal, tinha mais caimento).

Aos poucos, as samambaias foram sendo transferidas para a área de serviço, cedendo lugar na sala para outras plantas. E, passado um tempo, nem na área de serviço foram toleradas. Saíram de moda. Ter uma samambaia passou a ser cafona.

Quem determina o que é moda ou não é? Na indústria têxtil, ouvi dizer que funciona mais ou menos assim: um pigmento ou um tecido sofre retração de mercado e há uma mobilização para que, na próxima estação, ele seja anunciado como “tendência”, acelerando a demanda.

Claro que os estilistas também fazem sua parte, decretando em seus desfiles o que é chique e o que é ultrapassado – e como não há inúmeras idéias para o ato corriqueiro de se vestir, o que é novo envelhece, depois o velho se recicla e volta a ser novo. E cá estamos nós usando as mesmas coisas, sempre.

Mas será que isso funciona com plantas também? Pasmem, descobri que sim. Abri uma revista e li com esses olhos que a terra um dia há de usar como adubo: “A volta triunfal das samambaias!”.

Achei que era algum filme trash, ao estilo O Ataque dos Tomates Assassinos, mas não, era mesmo o anúncio bombástico de que a samambaia voltou com tudo.

Pegou carona no revival dos anos 70, que já se insinua forte na moda e no décor. Passou a ser o must do paisagismo atual. Cafona? Cafona sou eu e você, santa. Quem não tem uma, pode começar a arrancar os cabelos.

Um excelente domingo e um ótimo inicio de semana para você.

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