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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
10 de dezembro de 2008
N° 15815 - DAVID COIMBRA
Toda a verdade sobre o Paraíso
Agora, no 2009 que já pedala a porta, o Gre-Nal completará 100 anos. Pelo que, inauguro hoje uma série de colunas que contará um pouco da história do clássico e do ambiente no qual se desenvolveu, a nossa mui leal e valorosa cidade de Porto Alegre.
Mas não vou começar pelo começo. Vou começar antes do começo, quando não havia Gre-Nal. Na verdade, não havia nem futebol na capital de todos os gaúchos.
O porto-alegrense se divertia era com corrida de cavalo, jogo de bocha e bolão e esportes náuticos. O futebol era novidade no Brasil. Fazia apenas nove anos que o bigodudo Charles Miller desembarcara em São Paulo com duas bolas de couro confeccionadas na Velha Álbion.
Esse Charles Miller, diziam que era craque. Será possível que o primeiro jogador brasileiro de todos os tempos, o nosso Adão de chuteiras, já fosse craque? Qualquer repórter com ano e meio de experiência duvidaria disso.
Só que Charles Miller foi mesmo goleador dos campeonatos de que participou lá na Ilha e, depois, descendo ao Sul da Linha do Equador, também. Ele inclusive inventou uma jogada que leva seu nome: o miller. Quem ainda não deu um passe de miller numa pelada?
Brincadeirinha: estou falando do charles, ou a popular “chaleira”.
Pois Charles Miller só foi dar seus charles um ano depois de chegar, em 1895. A partir daí é que o futebol começou a se espraiar pela então jovem República.
Sem Internet, televisão, telefone e rádio, sem avião, carros e caminhões, sem energia elétrica, sem nem estradas que prestassem, as novidades só chegavam via marítima e fluvial. Assim, o futebol desembarcou primeiro no porto do Rio Grande. O EC Rio Grande foi fundado em 1900 e passou a enfrentar os times do lado de lá da Fronteira.
Havia curiosidade no Estado a respeito do chamado “novel esporte bretão”. Por isso, no feriado de 7 de setembro de 1903, o Rio Grande enviou uma comitiva a Porto Alegre a fim de fazer uma apresentação. Uma espécie de show. O time titular jogaria contra o reserva para mostrar como funcionava aquele jogo. O evento ocorreu na Várzea, hoje Parque Farroupilha.
Centenas de curiosos compareceram. Entre eles, o dono da primeira e até então única bola de futebol da cidade, o comerciante Cândido Dias, paulista como Charles Miller. Cândido Dias, incentivado por amigos e parentes de São Paulo, queria jogar futebol, mas não tinha companhia no Sul longínquo.
Então, arrastou os amigos comerciantes de Porto Alegre para assistir à exibição do Rio Grande. No feriado, lá estavam eles, em volta do campo da Várzea.
Chuta daqui, chuta dali, deu-se o acidente: a bola furou! Era a única, evidentemente. O jogo teria de ser encerrado. Arrá, mas Cândido Dias levara a sua própria bola! Disse que a emprestaria, contanto que os riograndinos lhes ensinassem como jogar e lhes dessem um livrinho de regras do esporte. Feito.
Desta forma, primeiro jogo de futebol da história de Porto Alegre pôde ser finalizado. Uma semana depois, em 15 de setembro, dois grupos de amigos resolveram fundar os primeiros clubes de futebol da capital. Ambas as entidades nasceram mais ou menos no mesmo local, na antiga Praça do Paraíso.
De paraíso o lugar tinha pouco. Era um terreno sem calçamento, que nos dias de chuva se transformava em um lodaçal intransitável. Porém, lá havia uma casa onde, segundo o célebre cronista Coruja, residiam “moças cantadeiras”.
Ou seja: elas cantavam maviosamente e, com suas vozes de rouxinóis, alegravam a vida da Porto Alegre d´antanho. Donde, a casa delas virou o Paraíso.
Cá entre nós, não era bem isso. A casa nada mais era do que de tolerância, um rendez-vous, um lupanar, um alcouce. Um prostíbulo, enfim. Em plena Praça Paraíso!
Praça essa que, bem mais tarde, com a proclamação da República, ganhou novo nome, que vige ainda hoje: 15 de Novembro. Isso mesmo: a Praça 15, do Chalé e do Mercado Público. Lá é que surgiram os dois primeiros clubes de futebol de Porto Alegre. Um, de alemães, o Fuss-Ball Porto Alegre.
Outro, fundado por 33 comerciantes de descendência alemã, italiana e portuguesa, denominado Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense.
Pronto. Já havia o Gre do Gre-Nal.
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