Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
04 de dezembro de 2008
N° 15809 - RICARDO SILVESTRIN
Livros para as pessoas
Sérgio Vaz, poeta da periferia de São Paulo, ligou para um órgão do governo pedindo livros. Ele queria distribuir para quem fosse ao Sarau da Cooperifa, que acontece toda quarta-feira no Bar Zé Batidão, na periferia.
O funcionário de uma espécie de Instituto Estadual do Livro paulista perguntou para que Sérgio estava pedindo os cerca de 300 livros. O poeta respondeu que era para dar às pessoas. O funcionário disse que não poderiam atender ao pedido, pois só podiam dar livros para instituições, não para pessoas. Sérgio insistiu.
Após uma série de ponderações e consultas aos chefes, concederam entregar os livros, pagos com dinheiro público, para as pessoas, em vez de deixá-los nas prateleiras de um órgão da cultura.
O que as pessoas iriam fazer com os livros, chegaram a perguntar. Sérgio disse que cada um faria o que bem entendesse, desde ler a jogar fora. Isso era com elas. O importante era que o livro chegasse até suas mãos.
Essa personalidade rara, dotada de uma enorme clareza e de uma capacidade de realização como poucos, vem fazendo um importante trabalho hoje na sua região.
Fui, a convite do escritor pernambucano Marcelino Freire, participar do Sarau da Cooperifa. Num botecão de bairro lotado, 70 poetas, entre rappers, pessoas de várias idades, gente com livro, com papel escrito a caneta, todos leram para a platéia que escutava na mais absoluta concentração.
No início, Sérgio vai ao microfone e explica que, a partir daquele momento, era preciso fazer silêncio para ouvir todos que iriam se apresentar.
Após dizer o bordão “O silêncio é uma prece”, situou o evento, falando que aquilo não era um pagode, nem escola de samba, nem show de rock. Era um espetáculo de poesia. Portanto, seria chato.
Já estavam todos avisados. Depois, não adiantaria sair falando “pô, foi chato”. Já sabiam desde o princípio.
Quem quisesse ficar que ficasse. Mas teria que fazer silêncio. Quem não quisesse que fosse pra casa, pois passaria o jogo do Brasil na tevê, que é muito mais divertido.
Com essa ironia refinada e essa profunda sabedoria, Sérgio ganha a atenção e o respeito de todos. Falei dois poemas meus. Aplausos empolgados. Não deve ter sido muito chato.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário