Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
01 de dezembro de 2008
N° 15806 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Janelas da alma
Tem agora um comercial na TV em que um cara, dirigindo um carrão, pára num sinal e recebe uma secada de uma mulher que atravessa a rua. Para deixar claro que aquilo não foi acidental, a dama dispara uma segunda secada, o que faz o sujeito mudar imediatamente o rumo de seu itinerário.
Aqui eu talvez deva fazer ponto-e-vírgula. Não existe a palavra secada no Dicionário Houaiss, o mais completo da língua portuguesa. Tem secador, que é aquilo que tira a umidade e se presta a variadas outras utilidades domésticas.
Razão bastante para que eu explique aqui, com elevado espírito didático e lexicográfico, o que, nestas paragens meridionais e meio esquecidas da nação, se entende por secar.
Era assim: você estava posto em sossego na reunião dançante de domingo à tarde no Grêmio Náutico Tamandaré, em Cachoeira, quando percebia que alguém o fitava, com graça e sedução. Você não apenas correspondia aos olhares, mas ia tirar a garota.
Você estava tranqüilo, num baile do Clube Comercial, da Sociedade Rio Branco, ou do Caiçara Piscina Tênis Clube, quando notava que um par de olhos azuis o mirava, com delicadeza e dissimulação. Você punha a cuba libre de lado e ia tirar a moça. E eram felizes para sempre, ou ao menos pelo espaço de sonho de uma noite de verão.
Os olhos são as janelas da alma, já dizia Machado, com toneladas de razão e bom senso. Eles estão, aliás, largamente presentes na literatura, a começar pela de Shakespeare, que citei antes sem nomear.
É este, a propósito, que pergunta se há no mundo escritor que nos ensine beleza como o olhar de uma mulher. E Elizabeth Browning é definitiva ao escrever que “ela não me deveria ter olhado muito, se pensava que eu não devia amá-la”.
Já se vê que os criadores do anúncio de que falei no começo destas linhas estão na melhor das companhias. A historinha contida nele não chega a um final, mas é de se acreditar que foi o mais inspirador possível.
Pois é esse o destino de uma secada: os olhos de um homem e uma mulher se cruzando, para que seus corpos e seus corações se encontrem.
Ótima segunda-feira e uma excelente semana a você.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário